11 nov, 2015 - 10:18
Morreu esta quarta-feira o vereador da Cultura da Câmara do Porto, Paulo da Cunha e Silva. Tinha 53 anos e não resistiu a problemas cardíacos.
Licenciado em Medicina, Paulo Cunha e Silva destacou-se na área cultural. Foi um dos principais responsáveis pela programação do Porto 2001, tendo sido eleito vereador da Cultura nas últimas eleições autárquicas, integrando a lista do movimento independente liderado por Rui Moreira, que conquistou a presidência da Câmara.
Em entrevista à Renascença, um mês depois de ter assumido o cargo, afirmou que queria ouvir a cidade e defendeu que “este modelo de Câmara dialogante e aberta que o presidente Rui Moreira quer seguir também tem que ser seguida na estratégia cultural.”
Considerava também que a cultura tem de ter uma “lógica de pendularidade” e não de bipolaridade, sobretudo, no que toca às Câmaras de Lisboa e Porto. “Haveria um ganho em termos de recursos e economia de escala. O país como marca tem uma grande dificuldade em inscrever-se culturalmente.”
Paulo Cunha e Silva lamentava que Portugal não tivesse uma identidade própria. “Estive como conselheiro cultural [na embaixada] em Roma nos últimos três anos e meio e há dificuldade em Itália em perceber-se o que é Portugal. As pessoas sabem quem é o Siza, o Manoel de Oliveira, o Mourinho, o Ronaldo, o Vinho do Porto e sabem vagamente o que é o Porto, mas muitas vezes não sabem o que é Portugal. Temos estrelas, mas não temos uma constelação. Falta-nos uma via láctea”, sustentou.
Paulo Cunha e Silva foi ainda presidente do Instituto da Artes do Ministério da Cultura e comissário do extenso programa de Guimarães 2012. Colaborava com há largos anos com a Fundação de Serralves, a Fundação Calouste Gulbenkian e era presidente da Comissão de Cultura do Comité Olímpico Português.
No âmbito da sua licenciatura, era Mestre e Doutor pela Universidade do Porto, onde foi professor de Anatomia, e era, actualmente, professor associado de Pensamento Contemporâneo na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
A Câmara do Porto já decretou três dias de luto municipal. O presidente da autarquia, Rui Moreira, assumiu o pelouro da Cultura e nomeou para seu adjunto Guilherme Blanc, que ocupava o mesmo cargo junto de Paulo Cunha e Silva.
Velório no Rivoli
O corpo de Paulo Cunha e Silva estará em câmara ardente no palco do auditório Manoel de Oliveira, no Teatro Municipal Rivoli, a partir das 17h00 desta quarta-feira.
O Rivoli vai estar aberto durante toda a noite.
O cortejo fúnebre sai na quinta-feira, às 14h00, para a Igreja da Lapa, onde será celebrada missa de corpo presente.