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​Arquidiocese de Braga não extingue instituição religiosa acusada de escravizar raparigas, após regresso à "normalidade"

29 mai, 2019 - 14:42 • Ana Lisboa

Decisão foi tomada depois consultadas as duas jovens residentes nesta Associação de Fiéis, tendo sido dito que o ambiente é agora de “fraternidade, respeito e bem-estar” e que a vida voltou a uma “normalidade saudável”.

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A Arquidiocese de Braga garante que não vai extiguir a Fraternidade Missionária Cristo Jovem, a instituição religiosa acusada de escravizar raparigas.

Numa nota divulgada ao princípio da tarde desta quarta-feira, a Arquidiocese de Braga informa que falou com as duas jovens residentes nesta Associação de Fiéis, tendo sido dito que o ambiente é agora de “fraternidade, respeito e bem-estar” e que a vida voltou a uma “normalidade saudável”.

Por isso, “não se viu na necessidade de extinguir a Fraternidade, na expectativa que siga, então, um novo rumo”.

“Dada a complexidade do caso, continuamos a acompanhar a comunidade e a colaborar com o Ministério Público” para que seja apurada “toda a verdade”.

Quando a Arquidiocese de Braga soube deste caso de maus tratos por parte de um padre e três leigas consagradas a jovens que pretendiam seguir uma vida religiosa, decidiu fazer uma investigação interna.

Na sequência disso, informa que foi afastada a leiga responsável pela Fraternidade. “A decisão foi acatada e a senhora Maria Arminda Costa regressou à sua terra natal, onde ainda reside”.

Foi também pedido ao padre Joaquim Milheiro, outro dos arguidos, “que abandonasse a comunidade , sendo-lhe proposta a Casa Sacerdotal da Arquidiocese de Braga como residência, dados os sinais evidentes de degradação de saúde. A decisão foi acatada. Mais tarde, à revelia da Arquidiocese de Braga, tomou a decisão de abandonar a Casa sacerdotal e deslocou-se novamente para a Fraternidade”.

A Arquidiocese explica que não vai tomar qualquer outra decisão em relação ao padre Joaquim Milheiro, de 87 anos, que está bastante doente. Vai aguardar o desenrolar do processo judicial.

Este caso remonta a finais de 2014, mas só foi tornado oficialmente público em 2015.

Um padre e três leigas consagradas que estavam à frente dos destinos da Fraternidade Missionária Cristo Jovem em Requião, Vila Nova de Famalicão, foram acusados pelo Ministério Público de nove crimes de escravidão sobre raparigas acolhidas nesta instituição e que pretendiam seguir uma vida religiosa, divulgou esta quarta-feira a Procuradoria-Geral Distrital do Porto.

Segundo uma nota publicada no site daquela Procuradoria, a acusação diz que as raparigas eram sujeitas a um “clima de terror, que as mantinha em regime de total submissão, sem possibilidade de reação”.

A denúncia foi feita por três mulheres com idades entre os 20 e os 30 anos que frequentaram esta associação. Na altura, relataram um ambiente de grande violência física e psicológica, trabalho excessivo e pesado, castigos, privação de alimentos e regras demasiado apertadas para as visitas familiares.

Segundo a acusação, os arguidos angariaram estas jovens entre 1985 até 2015. Tinham raízes humildes, com poucas qualificações e foram acolhidas nesta Fraternidade com o pretexto de formar uma comunidade espiritual de raiz católica, que nunca foi reconhecida como congregação religiosa, mas apenas como Associação de Fiéis.

Comentários
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  • me too
    30 mai, 2019 18:53
    Eis um bom trabalho da Igreja. Será por ser Braga? A Arquidiocese das Espanhas? Ou será bom ser senso e Cristianismo?

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