28 mar, 2019 - 12:42 • Cristina Nascimento
O bebé Salvador, nascido da canoísta que desde dezembro estava em morte cerebral, está bem e com uma "evolução favorável".
A informação foi prestada por Carlos Lima Alves, diretor clínico do Hospital de São João, no Porto. Carlos Lima Alves referiu que o pai do Salvador "acompanhou e participou em todo o processo ao longo dos 56 dias" que a mãe esteve internada.
O nascimento do bebé Salvador estava previsto para esta sexta-feira, mas a cesariana foi antecipada por se ter verificado uma "deterioração das condições respiratórias da mãe". No entanto, o bebé nunca chegou a estar em sofrimento, garantiu Marina Moucho, médica que liderou a equipa multidisciplinar que acompanhou o caso.
O bebé nasceu com 1.700 gramas que, de acordo com os médicos, é "um peso muito bom para esta idade gestacional". Salvador nasceu após 31 semanas e seis dias de gestação.
"Aparentemente, a morte cerebral não afetou o bebé. É um bebé como todos os outros bebés prematuros", acrescentou Hercilia Guimarães, chefe do serviço de Neonatologia.
Apesar do quadro favorável, os médicos garantem que o pai e restante família estão informados sobre o "potencial risco" que o bebé apresenta, semelhante a qualquer outro que nasça com o mesmo tempo de gestação.
Catarina Sequeira, 26 anos, estava grávida de 12 semanas quando, devido a um ataque de asma, perdeu os sentidos. Foi transferida do Hospital de Gaia para o São João, no Porto, onde a morte cerebral foi declarada um dia após o Natal.
A mãe estava internada no CHUSJ "em morte cerebral, mantida em suporte orgânico até se atingirem as condições de maturidade fetal necessárias para a realização do parto", informou na quarta-feira aquele hospital.
O primeiro caso aconteceu em 2016. Lourenço Salvador nasceu a 7 de junho, na Maternidade Alfredo da Costa (MAC), 15 semanas depois de ter sido declarada a morte da mãe. Sandra, estava em morte cerebral desde fevereiro, mas a equipa de cuidados intensivos da neurocirurgia do São José, em articulação com a MAC, conseguiu manter a gravidez até às 32 semanas.
O feto sobreviveu 15 semanas na barriga da mãe, que tinha sofrido uma hemorragia intracerebral, tendo sido o período mais longo alguma vez registado em Portugal.