07 mai, 2019 - 11:09 • Ângela Roque
Jean Vanier morreu na última noite, em Paris, aos 90 anos de idade, confirmou a comunidade onde vivia em Trosly-Breuil, na França.
“Nunca tive a oportunidade de estar fisicamente ao seu lado, no entanto este senhor transformou a minha vida, assim como tantas outras”, diz em mensagem enviada à Renascença a coordenadora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa, Carmo Dinis.
Jean Vanier “deixou uma mensagem muito importante acerca da beleza e do grande valor das pessoas com deficiência. Lembrou-nos que temos não só que respeitar mas aprender com os mais frágeis, os pequeninos de Deus. Teve uma vida longa e muito bonita ao serviço de Deus e da Igreja. Hoje, deve haver uma grande festa no céu”, escreve Carmo Dinis.
Nascido em Genebra, na Suíça, em setembro de 1928, Jean Vanier chegou a viver em Fátima. Filósofo e teólogo, é uma referência na Igreja no âmbito da Pastoral da Deficiência, desde que fundou, em 1964, o movimento "L'Arche" - "A Arca" -, onde deficientes e pessoas sem deficiência vivem em comunidade. Atualmente, existem no mundo cerca de 150 comunidades em, pelo menos, 35 países.
Em 1971, Vanier co-fundou o movimento católico "Fé e Luz", igualmente dedicado aos portadores de deficiência e às suas famílias, que procura estimular e trabalhar a vertente espiritual dos deficientes. O movimento está presente em 82 países, incluindo Portugal, onde marca presença em algumas dioceses, como Lisboa, Porto e Évora.
“Ficamos com o seu legado através das inúmeras publicações que fez, algumas traduzidas para português, e com a responsabilidade de mostrar ao mundo que é na nossa miséria que encontramos o amor de Deus e que as pessoas com deficiência ajudam a encontrá-Lo”, diz ainda Carmo Dinis, confirmando que já está a ser pensada uma forma de homenagear, em brev, este homem que influenciou tanta gente na Igreja.
Jean Vanier é autor de mais de 30 livros sobre religião e as temáticas da deficiência, normalidade, sucesso e tolerância. Entre os vários prémios internacionais que recebeu, destaque para o prémio Templeton, com que foi distinguido em 2015, e que é considerado um dos mais importantes na área de religião.
O galardão, no valor de 1,8 milhões de euros, tem por objetivo distinguir pessoas que tenham tido "contribuições excecionais" para a afirmação da dimensão espiritual da vida. Vanier doou a totalidade do dinheiro às instituições com as quais trabalhava.