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Ramalho justifica "créditos maus" com amigos da família Espírito Santo que permaneceram no Novo Banco

21 mar, 2019 - 20:33 • Sandra Afonso com Lusa

Na comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, António Ramalho criticou a Concorrência Europeia e disse estar preocupado com a surpresa que os maus resultados do banco geraram.

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O presidente do Novo Banco, António Ramalho, diz que “os amigos” da família Espírito Santo continuaram na instituição, explicando assim a continuação dos créditos maus ou ativos tóxicos nas contas do banco.

Em declarações no Parlamento, na comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, António Ramalho diz que retiraram tudo o que era da família Espírito Santo, mas esqueceram-se dos amigos.

“Separaram a família, não separaram a family and friends (a família e os amigos)”, disse Ramalho.

O Presidente do Novo Banco acusa também a Concorrência Europeia de não ter simpatia pela banca portuguesa. António Ramalho diz que ficou mais surpreendido pela avaliação da Direção Geral da Concorrência aos créditos do banco, do que com as imparidades.

Em causa está uma auditoria interna da instituição europeia para analisar as políticas de concessão de crédito pós-resolução.

O gestor explicou que foram analisados 20 casos, dos quais 16 eram do BES, e apenas quatro eram posteriores à resolução. Destes, dois correspondiam a reestruturações de crédito.

"“Separaram a família, não separaram a family and friends (a família e os amigos)", disse António Ramalho.

Há ainda um caso que António Ramalho destaca, que ocorreu em Outubro de 2016: trata-se de um crédito à habitação de 244 mil euros, com uma taxa de esforço de 13%, que a Direção Geral da Concorrência não conseguiu conciliar hipoteca e crédito. Este empréstimo continua a ser pago, sem qualquer problema.

O presidente do Novo Banco defende ainda que tudo o que está a acontecer no banco era previsível, dadas as condições impostas pela concorrência, para autorizar a venda do banco à Lone Star, tanto ao nível do crescimento, da remuneração mínima dos mercados, da redução de pessoas e de balcões e da venda de operações internacionais.

“Tudo isto trouxe uma visão, um cenário base que suporta este plano”, defendeu.

PSD vai pedir auditoria independente

O deputado do PSD António Leitão Amaro, anunciou, entretanto, que partido vai propor à Assembleia da República uma auditoria independente pós resolução do BES.

“Dentro dos próximos dias dará entrada uma proposta para ser votada no plenário desta Assembleia da República, sobre a realização de uma auditoria independente sobre aquilo em que há dúvida.

Apreensão pela surpresa

Antes, o presidente executivo do Novo Banco disse que lhe causava alguma apreensão o facto dos prejuízos do banco em 2018, de 1.412 milhões de euros, terem causado surpresa.

"A mim causa alguma apreensão serem surpreendentes", disse António Ramalho, justificando a sua reação com o facto do Novo Banco ser o banco "que tem o rácio mais negativo de NPLs (crédito malparado)".

Em 2016, lembrou o presidente do Novo Banco, "o banco apresentou um rácio de 36,2% de rácio [de crédito malparado], apresentava um terço do seu balanço improdutivo", o que levou a uma estratégia agressiva por parte da administração.

""A mim causa alguma apreensão serem surpreendentes [os resultados do banco]", afirma António Ramalho. "

O gestor acrescentou que o banco, no seu entender, está a fazer "um esforço escrutinado, preciso e justo", e que desde sempre tem dito que a reestruturação "custa tempo e dinheiro".

"Isto significa que o banco no momento da venda não era bom, não era perfeito, mas não há bancos perfeitos", rematou.

Em outubro de 2017, após uma primeira tentativa de venda falhada, o Novo Banco foi alienado em 75% ao fundo de investimento norte-americano Lone Star (o Fundo de Resolução manteve 25%), que não pagou qualquer preço, tendo injetado 1.000 milhões de euros no Novo Banco.

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