A+ / A-

Alemanha vence caso contra família que não quer mandar os filhos à escola

10 jan, 2019 - 12:04 • Filipe d'Avillez

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considera que não foi violado o direito à vida familiar dos Wunderlich, que não podem optar pelo ensino doméstico para os seus filhos. A Alemanha é dos poucos países europeus que não aceita que as famílias assegurem a educação dos filhos em casa.

A+ / A-

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu esta quinta-feira a favor do Estado alemão numa disputa contra a família Wunderlich, que quer educar os seus filhos em casa, não os enviando para a escola.

O caso teve início em 2005, altura em que o casal Petra e Dirk Wunderlich se recusaram a matricular a filha mais velha na escola. A Alemanha é dos poucos países europeus que não aceita que as famílias assegurem a educação dos seus filhos em casa, e por isso, os Wunderlich foram sujeitos a multas e procedimentos criminais. O casal pagou as multas, mas continuou a recusar matricular a sua filha.

Em 2012, o Ministério da Educação informou o tribunal de família de que os pais estavam deliberada e persistentemente a recusar matricular os seus filhos e que isso seria prejudicial para os mesmos, uma vez que estavam a ser educados “num mundo paralelo”. O tribunal retirou aos pais os seus direitos de determinar o local de residência e de tomar decisões sobre a escolaridade dos filhos e em agosto de 2013 os filhos foram removidos à força.

“Mais de 30 agentes da polícia e assistentes sociais tomaram a casa da família Wunderlich de assalto. As autoridades removeram os filhos aos seus pais de forma brutal, deixando a família traumatizada”, pode ler-se numa nota divulgada pela Alliance Defending Freedom International (ADF), o grupo jurídico especializado em casos de liberdade religiosa, que representou a família diante do tribunal.

A família alegou violação do seu direito à vida familiar, mas os tribunais alemães deram sempre razão ao Estado. A família recorreu ao Tribunal Europeu, que numa sentença publicada esta quinta-feira reafirmou que não tinha havido violação dos direitos humanos dos Wunderlich. O casal está agora a avaliar se deve ou não recorrer à Grande Câmara do mesmo tribunal.

A nota publicada pela ADF inclui um comentário de Dirk Wunderlich, que diz que “este é um dia muito desencorajador para a nossa família e para as muitas famílias afetadas por esta questão na Alemanha. Depois de anos de disputas legais, isto é extremamente frustrante para nós e para os nossos filhos. É triste que o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem não tenha reconhecido as injustiças que sofremos ás mãos das autoridades alemãs”.

Já o diretor-executivo da ADF International considera que a decisão “ignora o facto de as políticas alemãs sobre ensino doméstico violam o direito dos pais de educar os seus filhos e decidir sobre a sua formação. É alarmante que isto não tenha sido reconhecido pelo mais influente tribunal dos direitos do homem na Europa. Esta decisão é um passo na direção errada e deve preocupar qualquer pessoa que se preocupa com a liberdade”, diz Paul Coleman.

O ensino doméstico é permitido na maioria dos países europeus, incluindo Portugal. As crianças aprendem em casa mas têm de se submeter aos exames nacionais, tal como outros alunos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+