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Papa exorta a promover a cultura da gratuitidade e da solidariedade

08 jan, 2019 - 13:42 • Ana Lisboa

Na mensagem para o próximo Dia Mundial dos Doentes, que se assinala a 11 de fevereiro, Francisco volta a criticar as atitudes de descarte e indiferença.

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“Recebestes de graça, dai de graça” é o tema da mensagem do Santo Padre para o XXVII Dia Mundial do Doente que será celebrado de modo solene em Calcutá, na Índia.

O tema da mensagem “são palavras pronunciadas por Jesus quando enviou os apóstolos a espalhar o Evangelho para que, através de gestos de amor gratuito, se propagasse o seu Reino”.

A Igreja “lembra que o caminho mais credível de evangelização são gestos de dom gratuito como os do Bom Samaritano”. E acrescenta “o cuidado dos doentes precisa de profissionalismo e ternura, de gestos gratuitos, imediatos e simples, como uma carícia, pelos quais fazemos sentir ao outro que nos é ‘querido’”.

E porque “a vida é dom de Deus”, como adverte São Paulo, “a existência não pode ser considerada como mera possessão ou propriedade privada, sobretudo à vista das conquistas da medicina e da biotecnologia, que poderiam induzir o homem a ceder à tentação de manipular a ‘árvore da vida’”.

Contra a cultura do descarte e da indiferença, o Papa refere a necessidade de “afirmar que se há de colocar o dom como paradigma capaz de desafiar o individualismo e a fragmentação social dos nossos dias, para promover novos vínculos e várias formas de cooperação humana entre povos e culturas”.

Aproveitando a circunstância desta celebração na Índia, Francisco recorda “com alegria e admiração, a figura da Santa Madre Teresa de Calcutá, um modelo de caridade que tornou visível o amor de Deus pelos pobres e os doentes”. Como dizia na sua canonização, “Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível a todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados”.

A Santa Madre Teresa, diz o Papa, “ajuda-nos a compreender que o único critério de ação deve ser o amor gratuito para com todos, sem distinção de língua, cultura, etnia ou religião. O seu exemplo continua a guiar-nos na abertura de horizontes de alegria e esperança para a humanidade necessitada de compreensão e ternura, especialmente para as pessoas que sofrem”.

Nesse sentido, defende que “a gratuidade humana é o fermento da ação dos voluntários, que têm tanta importância no sector socio-sanitário e que vivem de modo eloquente a espiritualidade do Bom Samaritano. Agradeço e encorajo todas as associações de voluntariado que se ocupam do transporte e assistência dos doentes, aquelas que providenciam nas doações de sangue, tecidos e órgãos. Um campo especial onde a vossa presença expressa a solicitude da Igreja é o da tutela dos direitos dos doentes, sobretudo de quantos se veem afetados por patologias que exigem cuidados especiais, sem esquecer o campo da sensibilização e da prevenção”.

Francisco destaca a importância de que se revestem “os serviços de voluntariado nas estruturas sanitárias e no domicílio, que vão da assistência sanitária ao apoio espiritual. Deles beneficiam tantas pessoas doentes, sós, idosas, com fragilidades psíquicas e motoras. Exorto-vos a continuar a ser sinal da presença da Igreja no mundo secularizado. O voluntário é um amigo desinteressado, a quem se pode confidenciar pensamentos e emoções; através da escuta, ele cria as condições para que o doente deixe de ser objeto passivo de cuidados para se tornar sujeito ativo e protagonista de uma relação de reciprocidade, capaz de recuperar a esperança, mais disposto a aceitar as terapias. O voluntariado comunica valores, comportamentos e estilos de vida que, no centro, têm o fermento da doação. Deste modo realiza-se também a humanização dos tratamentos”.

Por isso, exorta “a todos, nos vários níveis, a promover a cultura da gratuidade e do dom, indispensável para superar a cultura do lucro e do descarte. As instituições sanitárias católicas não deveriam cair no estilo empresarial, mas salvaguardar mais o cuidado da pessoa que o lucro. Sabemos que a saúde é relacional, depende da interação com os outros e precisa de confiança, amizade e solidariedade; é um bem que só se pode gozar plenamente se for partilhado. A alegria do dom gratuito é o indicador de saúde do cristão”.

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