11 dez, 2018 - 11:49
Os passageiros da Transtejo perderam a paciência e, esta terça-feira de manhã, invadiram o barco das 8h30 que iria fazer a ligação entre o Seixal e o Cais do Sodré, em Lisboa.
Com a ligação das 8h10 suprimida, ficou “muita gente à espera” no terminal do Seixal. “O barco seguinte ficou completamente lotado e as pessoas forçaram a entrada”, conta à Renascença Horta Pinheiro, dirigente da comissão de utentes do Seixal.
“As pessoas tinham um horário para cumprir e ao não conseguirem entrar nos barcos tentaram forçar a entrada pela saída [do barco] e gerou-se a confusão”, relata. O excesso de passageiros a bordo levou a empresa a recusar-se a fazer a ligação e a embarcação só partiu uma hora depois do sucedido e após a intervenção da Polícia Marítima.
A Transtejo chamou um outro barco para resolver temporariamente a situação. Contudo, Horta Pinheiro alerta que “o problema vai-se manter”.
“Não podemos continuar na situação de não temos barcos, é uma situação que se repete constantemente. As pessoas já estão em desespero, já não conseguem saber quando é que chegam aos seus empregos. Muitas começam a levar os carros particulares para a cidade”, conta o dirigente da comissão de utentes do Seixal.
Transtejo reconhece falta de barcos
A administração da Transtejo reconhece que não tem embarcações suficientes para fazer as travessias do Tejo nos horários previstos. Na ligação entre o Seixal e Lisboa, as embarcações não são renovadas “há mais de 20 anos”. "É muito tempo”, admite Marina Ferreira, presidente do Conselho de Administração da empresa.
“Há desgaste de material, os navios estão sujeitos a uma intensidade de carga brutal todos os dias. São navios que fazem muitas viagens, muitas horas, muito acima do que é normal em navios deste tipo. Há um desgaste muito grande de material e há avarias”, afirma em entrevista à Renascença.
Marina Ferreira garante que a prioridade é a segurança dos passageiros. Face às queixas dos utentes, nomeadamente sobre a alegada sobrelotação dos barcos, a administradora da Transtejo desmente que isso aconteça.
Marina Ferreira explica que o próprio sistema de controlo dos passageiros impede a sobrelotação, com recurso a torniquetes automáticos que contam o número de pessoas que entram nos barcos. “Por isso, podemos garantir com toda a segurança que as lotações não são excedidas”, afirma.
Para a administradora da Transtejo, “o que se passa muitas vezes nos navios que têm dois andares é que há pessoas que se acumulam, por exemplo, no andar térreo, dando a ilusão que os navios estão em sobrecarga”. “Mas é absolutamente falso”, garante Marina Ferreira.