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Levar o "cobertor de papa" ao Papa foi um prémio para Maçainhas

22 nov, 2018 - 15:05 • Filipe d'Avillez

Cobertor oferecido ao Papa foi bordado por reclusos da prisão da Guarda.

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Levar o "cobertor de papa" ao Papa foi um prémio para Maçainhas - Reportagem de Liliana Carona

A pequena povoação do concelho da Guarda, Maçainhas, com 300 habitantes, está em burburinho depois de uma comitiva se ter deslocado ao Vaticano para entregar ao Papa Francisco o tradicional “cobertor de papa”. Desde que se soube, a procura pelo artigo aumentou.

Foi da Escola de Artes e Ofícios do Centro Social e Paroquial de Maçainhas que saiu um "cobertor de papa" com as insígnias do Papa Francisco, bordadas por reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda.

A lã de ovelha churra, plasmada num cobertor, pica ao toque mas aquece o corpo e protege os pastores da chuva. “Parece uma manta normal, mas depois vai a um pisão e está sensivelmente dez minutos a ser batida em água. Quando se tira está realmente que nem uma papa, ensopada”, explica o responsável da Escola de Artes e Ofícios de Maçainhas, criada em 2008 para preservar o cobertor típico da região da Serra da Estrela.

Explicado o porquê de se chamar "cobertor de papa", o também artesão José Silva, de 66 anos, recorda o momento que o marcou para a vida, após a audiência pública semanal que decorreu no Vaticano.

“O telemóvel estava sempre a registar, fiquei maravilhado, o carinho no diálogo de explicação por estarmos ali, sinto-me honrado por ter ido ao Vaticano, enquanto católico, mas acho que foi também um prémio por tudo o que tenho feito enquanto responsável da Escola de Artes e Ofícios de Maçainhas, para manter o cobertor de pé”, sublinha, lamentando a falta de gente jovem interessada em manter viva a arte.

O cobertor de papa em tons de branco e azul foi bordado para o Papa Francisco por reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda. “O cobertor branco de 2,80 metros de comprimento por 1,70 metros de largura foi bordado com as insígnias do Papa Francisco, em azul, num desafio em que os reclusos colaboraram. Também eles se devem sentir orgulhosos”, descreve o responsável à Renascença.

Depois da ida ao Vaticano chovem pedidos de "cobertores de papa" ao tecelão José Silva. “Já houve contactos, inclusivamente para a Inglaterra, de um senhor antropólogo que demonstrou interesse”, revela.

O "cobertor de papa" é impermeável, tornando-o ideal para quem anda exposto aos elementos. “Isto é como um beirado, em que a água escorre e não entra no corpo”, conclui.

A escola de Artes e Ofícios de Maçainhas está de portas abertas para quem quiser aprender a fazer ou para quem quiser comprar um "cobertor de papa", que tem o custo aproximado de 50 €.

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