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Francisco canoniza Paulo VI, o primeiro Papa a visitar Portugal

12 out, 2018 - 11:31 • Filipe d'Avillez

O Papa que concluiu o Concílio Vaticano II protagonizou um incidente diplomático com Portugal durante o Estado Novo, mas ainda assim foi o primeiro a visitar Fátima.

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Paulo VI: O Papa dos primeiros gestos
Paulo VI: O Papa dos primeiros gestos

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É declarado formalmente santo, este domingo, o Papa Paulo VI.

O Papa italiano fica para a história da Igreja Católica por ter conduzido quase todo o trabalho do Concílio Vaticano II, apesar de não ter sido quem o convocou, tendo esse gesto cabido a João XXIII, que morreu entretanto.

Mas o homem que nasceu Giovanni Battista Montini fica também ligado para sempre a Portugal, uma vez que foi o primeiro Papa a visitar o país, tendo viajado em 1967 para Fátima.

A viagem foi marcada por um incidente diplomático, uma vez que o Estado Novo estava de relações cortadas com a Santa Sé por causa de um visita do Papa, pouco antes, à União Indiana que, poucos anos antes, tinha invadido os territórios portugueses de Goa, Damão e Diu.

A visita foi, por isso, considerada uma peregrinação privada, e não uma visita de Estado, tendo decorrido sem qualquer incidente, embora o próprio António Oliveira Salazar tenha contado posteriormente que quando se encontrou com o Papa, tratando-o por “Sua Santidade”, este se dirigiu ao presidente do Conselho como “Sua Eternidade”.

Bruno Cardoso Reis, investigador do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, admite que não se sabe se a história aconteceu mesmo, “mas transmite esta ideia de que Salazar tinha bem a noção de que havia esta distância crescente entre o Papado, a própria Cúria e o regime”.

O historiador recorda, em entrevista concedida à Renascença aquando da visita de Francisco a Fátima para o centenário das aparições, que apesar de tudo os grandes derrotados daquele incidente foram os católicos progressistas “neste contexto vão ser os católicos mais progressistas que acham que apesar de tudo o Papa não devia ter vindo e, portanto, vivem aquela manifestação de uma enorme multidão e a satisfação com a visita do Papa, como uma experiência um pouco traumática. Por exemplo o João Bénard da Costa faz esse registo, de que foi um momento em que no fundo se quebrou a sua ligação com uma igreja mais institucional.”

Com esta canonização, quatro dos nove Papas que a Igreja Católica teve no Século XX são já santos, incluindo São Pio X, João XXIII e João Paulo II.

Juntamente com o Papa Paulo VI, é canonizado no domingo o arcebispo Oscar Romero.

Comentários
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  • F.Almeida
    15 out, 2018 Porto 02:19
    Para mim Paulo VI representa a traição da Igreja ao povo portugu^es. Nãome esqueço que em Julho de 1970 Paulo VI recebeu os chefes marxistas dos movimentos independentistas das ex-colonias.Eu tinha regressado da Guerra da Guiné uns meses antes. Como portugu^es senti-me traido.Depois dessa data foi facil perceber o que são religiões... Os Papas tem o direito de receber quem querem como eu tenho o direito de gostar ou não gostar. Não gostei.!!!

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