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“Há dois mil anos que a Igreja se preocupa com a verdade”

27 abr, 2018 - 18:01 • Filipe d'Avillez

Patriarcado de Lisboa quer ajudar a preparar os responsáveis pela comunicação da Igreja a lidar com crises e a saber evitar o fenómeno da “fake news”.

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Realiza-se este sábado, em Lisboa, a terceira Jornada Diocesana da Comunicação, organizada pelo Patriarcado de Lisboa.

O encontro dirige-se aos responsáveis pela comunicação de dioceses, paróquias, movimentos e organizações católicas e, este ano, tem como tema principal o fenómeno das notícias falsas e as crises de comunicação.

O padre Nuno Rosário Fernandes, que organiza o encontro e é responsável pela comunicação do Patriarcado de Lisboa, recorda que o Papa Francisco escolheu o tema da “fake news” para a sua mensagem para o dia das comunicações sociais e sublinha que existe uma dimensão teológica para esta questão.

“Há dois mil anos que a Igreja se preocupa com a verdade. Jesus Cristo apresenta-se como o Caminho, a Verdade e a Vida e aquilo que se pretende é que se procure sempre centrar a nossa vida dentro desta dimensão da verdade.”

“Vamos percebendo que naquilo que é a muita comunicação – e hoje em dia com a proliferação das redes sociais, da internet – cada vez mais se vai percebendo que aquilo que é apresentado em muitas situações não é uma verdade, é ao lado, ou talvez deturpada. Até falamos muito na chamada pós-verdade”, diz o sacerdote.

A preocupação da Igreja expressa-se também no apelo do Papa para que os jornalistas compreendam o seu trabalho também como missão. “É importante que esta missão seja realizada olhando sempre para este ponto, que é a verdade. Qual a verdade que quero comunicar? O que é que eu quero comunicar? Qual é a verdade que tenho à minha frente e como a posso fazer chegar aos outros?”

“Cada um vê a verdade com os seus olhos, vê a verdade com o seu coração, mas no fundo o que todos queremos é que haja esta purificação do coração para que a verdade que se leva aos outros seja a verdade de Cristo”, conclui o padre Nuno Rosário Fernandes.

“Neste campo não pode haver falhas”

Durante o dia uma das atividades que haverá nas jornadas tem a ver com a resposta a crises. Os participantes serão divididos em grupos e convidados a preparar respostas a situações difíceis. Depois um profissional de comunicação ajudará a analisar as mesmas e perceber o que poderia ser melhorado.

Situações de crise como a que o próprio Patriarcado de Lisboa enfrentou há pouco tempo quando D. Manuel Clemente mandou publicar orientações para a receção de pessoas em situação irregular aos sacramentos, em linha com a exortação apostólica “Amoris Laetitia”, do Papa Francisco e que se veio a revelar um dos momentos mais difíceis para o Patriarca e para a sua equipa de comunicação, em termos mediáticos, desde que foi nomeado.

“Nós aprendemos todos os dias. Não sabemos tudo, e por isso mesmo estas jornadas também são para nós. Queremos acolher toda a informação, perceber como é que de facto, diante de uma determinada situação, podemos também corresponder e ir ao encontro daquilo que é suposto nesta linha”, diz o padre Nuno Rosário Fernandes.

O sacerdote admite que esse episódio difícil também trouxe lições. “Aprendemos com certeza que temos de trabalhar ainda mais a comunicação, que não podemos descurar e que nestas coisas não pode haver falhas. Porque aquilo que está em causa é a imagem, não apenas do Sr. D. Manuel, Patriarca de Lisboa, mas a imagem da própria Igreja. Daí este desejo de querermos aprender, conhecer. Somos os primeiros a querer colher daquilo que vai ser feito”, diz.

A jornada termina com um painel de vários oradores, incluindo João Francisco Gomes, jornalista do Observador; José Aguiar, da All Comunicação; o padre Américo Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais e presidente do Conselho de Administração da Renascença; Henrique Raposo, comentador e cronista na Renascença e Rita Carvalho, do departamento de comunicação dos Jesuítas, que modera.

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