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Lusofonia, acordo ortográfico e Nobel em debate no festival Fronteira

14 abr, 2018 - 21:34 • Maria João Costa

Terminou este sábado a sexta edição do Festival Literário de Castelo Branco.

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“António Lobo Antunes ou Mia Couto” são os nomes de autores de língua portuguesa apontados por Pedro Mexia como os mais prováveis candidatos ao Nobel da Literatura. Numa sessão de encerramento da sexta edição do Festival Fronteira, em Castelo Branco, o assessor cultural de Marcelo Rebelo de Sousa falou de outros nomes como possíveis sucessores de José Saramago.

O poeta Nuno Júdice seria um deles “porque já ganhou vários prémios internacionais”. Lídia Jorge é outro nome que Mexia traz à conversa com o poeta José Mário Silva, mas na sua opinião nem Júdice, nem a autora de “Os Memoráveis” teriam hipóteses quando “comparados com Lobo Antunes ou Mia Couto”.

Na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, onde decorreu o último dia do Festival Fronteira, numa tarde em que o público foi menos concorrido do que em anteriores edições, falou-se também de lusofonia e dos 20 anos sobre a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago.

Num debate onde faltou o escritor João Ricardo Pedro, a jornalista e escritora Filipa Melo conversou com o escritor Pedro Vieira sobre a questão da lusofonia. Nas palavras da autora de “Dicionário Sentimental do Adultério”, “com a crise económica fecharam muitos dos leitorados nas universidades e esse espaço foi ocupado pelos Brasileiros”. No entender de Filipa Melo, “hoje o ensino de português no estrangeiro é feito por brasileiros”. Portugal, segundo a opinião desta escritora, “deveria apanhar boleia” deste trabalho do Brasil.

Numa conversa onde também se falou do Acordo Ortográfico, o moderador Pedro Vieira quis saber a opinião de Filipa Melo. A escritora questionou: “Mas, está em vigor?” Do público, Pedro Mexia explicou que nem todos os países ratificaram. Melo conclui que foi “um desastre jurídico” e que em termos literários é contra o acordo ortográfico.

A tarde em Castelo Branco começou com o debate em torno do balanço dos 20 anos da atribuição do Nobel a José Saramago e de que forma isso ajudou ou não a escrita em português. Na opinião da escritora e jornalista Isabel Lucas “as literaturas em português não souberam aproveitar a projeção do Nobel”. Já a escritora Ana Margarida Carvalho falou da forma como Saramago usou os palcos internacionais depois do prémio da academia sueca. “Saramago era um ativista em permanente estado de vigília, e virou os holofotes para Portugal”.

“Hoje as universidades americanas ensinam Saramago mas ainda há muito o culto de Fernando Pessoa”, explicou Isabel Lucas, que disse que o livro mais lido de Saramago nos Estados Unidos é justamente o livro sobre Pessoa: “O Ano da Morte de Ricardo Reis”.

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