Estaleiros de Viana do Castelo

Demissão de Francisco van Zeller “peca por tardia”

20 out, 2012

É a reacção da comissão de trabalhadores, que considera que o presidente da comissão para a reprivatização dos Estaleiros “não está no seu perfeito juízo” para dizer o que disse.

Demissão de Francisco van Zeller “peca por tardia”
Já vai tarde, dizem os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo à demissão do presidente da comissão que acompanha a reprivatização da empresa.

“A comissão de trabalhadores acha normal esta demissão. Peca por tardia, porque esse senhor, de 74 anos, não está no seu perfeito juízo para proferir as afirmações que fez, atendendo que está a falar para pessoas de 55 e 56 anos, que têm neste momento 46 anos de empresa”, começa por afirmar à Renascença António Costa, da comissão de trabalhadores.

Quem trabalha nos Estaleiros, acrescenta, tem “um ‘know-how’ e um conhecimento técnico que não é em dois dias que se arranja. É preciso muitos anos para termos pessoas especializadas”.

Por isso, este dirigente da comissão de trabalhadores acha “que houve bom senso da parte do Governo em aceitar a demissão desse senhor, que nunca deveria ter feito parte da comissão de acompanhamento”.

Fonte do gabinete do ministro da Defesa confirmou este sábado à Renascença que o pedido de demissão foi entregue na quarta-feira, dia em que a reprivatização esteve em análise no Parlamento e em que Francisco van Zeller disse que um dos maiores passivos dos Estaleiros era a “mão-de-obra muito antiga, muito desactualizada e acostumada a maus hábitos”.

Na reacção, o representante dos trabalhadores deixa ainda um apelo ao primeiro-ministro.

“Acho que é o momento crucial e exacto para o Governo, o senhor primeiro-ministro Passos Coelho, o senhor ministro da Defesa e o senhor Álvaro Santos Pereira viabilizem, de uma vez por todas, os Estaleiros financeiramente. Não podemos estar a dar ao desbarato um estaleiro com a capacidade do nosso, em Viana do Castelo, por um euro”, defende.

“Seria bom, digo-lhe com toda a honestidade, que o senhor primeiro-ministro ou o senhor ministro da Defesa se disponibilizasse para vir a Viana do Castelo, para conhecer as nossas instalações que estão a ser vendidas ao desbarato e as condições que temos para trabalhar”, convida.