Boas práticas empresariais de apoio à família

26 mar, 2014 • Ana Carrilho

A possibilidade de os trabalhadores poderem gozar a tarde do dia do aniversário dos filhos sem ter que meter folgas ou férias ou os protocolos com colégios e infantários que garantem preços e horários mais vantajosos são apenas alguns exemplos de boas práticas.

As empresas com modelos de gestão por objectivos têm mais facilidade em adoptar medidas de flexibilidade e acabar com o mito de que quem não está no local de trabalho, não está a trabalhar. Esta é a convicção da porta-voz do grupo coordenador do Fórum de Empresas para a Igualdade de Género, Isabel Viegas.

Em entrevista no espaço “Trabalho sem Fronteiras”, no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus, a gestora defendeu que esse é um caminho a seguir. Mas admitiu que é mais difícil para empresas que não têm mecanismos de controlo, de seguimento bem estruturado e horários rígidos.

O Fórum de Empresas para a Igualdade de Género vai apresentar, esta quinta-feira, o relatório sobre as medidas adoptadas no último ano pelas 21 empresas fundadoras. Das 91 propostas, 56 estão em marcha e pelo caminho, outras 27 não previstas foram postas em prática. Muitas destas medidas facilitam a conciliação da vida profissional e familiar e têm impacto no aumento da natalidade.

A possibilidade de os trabalhadores poderem gozar a tarde do dia do aniversário dos filhos sem ter que meter folgas ou férias ou os protocolos com colégios e infantários que garantem preços e horários mais vantajosos são apenas alguns exemplos de boas práticas.

Isabel Viegas considera que as diversas medidas podem ser desenvolvidas em todo o tipo de empresas, mas obviamente, com adaptações.

Na cerimónia em que o secretário de Estado do Emprego, Octávio Oliveira, e a secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, marcam presença, mais dez empresas vão integrar o Fórum para a Igualdade de Género.

Natividade Coelho, vice-presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), admite que há outras empresas que gostariam de integrar o grupo, mas ainda não podem fazer porque não preenchem as condições necessárias.

“As empresas não entram no Fórum porque gostam da igualdade. Têm que assinar anualmente e renovar compromissos sérios com a igualdade de género”, explica Natividade Coelho.

Por enquanto, as grandes empresas nacionais e multinacionais dominam, mas também já duas pequenas e médias empresas (PME).

O balanço de um ano de trabalho é positivo para ambas as partes – companhias e trabalhadores - mas ainda é preciso ultrapassar alguns obstáculos. Por exemplo, os constrangimentos na organização e a falta de consciencialização.

É também assumido que ainda há um longo caminho a percorrer. Só um terço das empresas do Fórum assume medidas para aumentar o número de mulheres em cargos de direcção. É preciso captar novas empresas e aumentar a influência social deste organismo.

Entre as empresas fundadoras incluem-se os Portos do Douro e Leixões, Sines, Setúbal e Sesimbra, o  grupo Auchan, os bancos Santander e BES, a Carris, CTT, IBM, EDP, Microsoft, Citroen ou RTP e a Nestle. Metropolitano, REN; Galp, Estradas de Portugal, L’Óreal e Peugeot são alguns dos novos membros.

O Fórum de Empresas para a Igualdade de Género surgiu por iniciativa da CITE, dando cumprimento às orientações da Estratégia Europeia 2020 e à resolução do Parlamento Europeu sobre a conciliação entre a vida profissional, familiar e privada.