Serviço Nacional de Saúde precisa de uma solução europeia, diz fundador

02 mai, 2012 • Paula Costa Dias

Constantino Sakellarides diz que algumas medidas impostas pela “troika” não devem ser aplicadas da maneira e no calendário definidos.  

Serviço Nacional de Saúde precisa de uma solução europeia, diz fundador
É preciso proporcionar aos idosos e carenciados um acesso mais fácil aos cuidados de saúde. O alerta parte do Presidente da comissão Episcopal da Pastoral Social, na abertura do Encontro Nacional da Pastoral da Saúde que começou hoje em Fátima.

D. Jorge Ortiga sustenta que as perplexidades na saúde são variadíssimas e complexas e que os doentes têm o direito a mais respeito por parte do Estado e a mais empenho por parte da Igreja.

“Podemos correr o risco de pensar que estes cuidados de saúde são meramente da ordem material”, avisa. Mas, diz D. Jorge Ortiga, “não podemos, por qualquer razão, de ordem económica ou não, fugir deste sector, que é tão importante. É também uma responsabilidade da Igreja, que tem de ter uma presença nos hospitais, públicos ou privados, mas também com qualidade”.

Neste encontro, que decorre até sábado, será feito o balanço dos 30 anos do Serviço Nacional de Saúde que, segundo um dos seus fundadores, Constantino Sakellarides, precisa de uma solução europeia.

Para o médico da Escola Nacional de Saúde Publica, Portugal tem de procurar um novo equilíbrio entre as instituições financeiras, a necessidade de crescimento económico e a preservação do desenvolvimento humano e convencer os colegas europeus da urgência em inverter o clima de insensibilidade relativamente às questões do bem-estar que têm prevalecido nos últimos anos.

“O que hoje temos de perceber é que a nossa responsabilidade no sentido de defender os direitos e chamar atenção para as obrigações em relação à saúde, não se esgota no território nacional”, considera.

“Temos de ser cooperativos e críticos em relação às decisões no interior do país, mas também juntando forças necessárias com os nossos colegas de outros países que passam por situações semelhantes, para conseguir uma alteração substancial nas políticas sociais europeias neste momento”, conclui.

Sakellarides admite que algumas medidas impostas pela “troika” não devem ser aplicadas da maneira e no calendário definidos.

Não sendo inevitáveis, carecem de uma reflexão profunda, por isso pede aos líderes que se juntem e definem bem o que querem do futuro e que se convençam que é possível manter os princípios do Serviço Nacional de Saúde mesmo num contexto de crise económica.