Antiga ministra da Cultura “não vê como” voltar atrás no acordo ortográfico

29 fev, 2012

É a reacção às declarações do secretário de Estado da Cultura, que admite mudanças no acordo até 2015.

Antiga ministra da Cultura “não vê como” voltar atrás no acordo ortográfico
A antiga ministra da Cultura Isabel Pires de Lima não considera viáveis alterações ao acordo ortográfico no curto prazo.

“Não me parece possível, não vejo como neste momento se volta atrás, quando nas escolas portuguesas – e não apenas – está a ser ensinada a variante ortográfica do português europeu já aplicando o acordo. E não só por razões práticas internas, mas por razões de compromisso internacional. Trata-se de um acordo entre vários países, que foi ratificado”, afirma à Renascença, em reacção às afirmações do secretário de Estado da Cultura, ontem na TVI.

Francisco José Viegas deixou em aberto a possibilidade de, até 2015, se proceder a alterações no acordo ortográfico.

“Temos essa possibilidade e acho que vamos usá-la. É uma possibilidade em aberto, porque existem tantos casos de ortografia dupla, que acho que temos que aperfeiçoar o que há para aperfeiçoar”, afirmou.

Na mesma entrevista, o secretário de Estado da Cultura rejeitou os valores exigidos por Joe Berardo ao Estado, pela sua colecção de arte moderna e contemporânea, e afirmou que o Estado está pronto a libertar o empresário madeirense dos compromissos assumidos, para que possa procurar outro comprador.

Isabel Pires de Lima, que foi responsável pelo acordo celebrado com Joe Berardo em 2006, considera a hipótese “um grande descuido relativamente às políticas públicas de cultura em Portugal”.

“Posso admitir que não estejam reunidas condições para fazer a compra, acho que pode renovar o acordo que tem com o comendador Berardo, em novas condições – idênticas ou melhores ou piores, aquelas que o Estado conseguir negociar no momento. Acho que é triste, se isso vier a acontecer”, comenta.