China pede que Vaticano sacrifique Taiwan para melhorar relações

21 fev, 2013 • AIS com Filipe d’Avillez

Sucessor de Bento XVI deve “deixar de interferir nos assuntos internos da China”, uma referência à insistência de Roma em nomear os bispos católicos naquele país.  

A China voltou a exigir que o Vaticano rompe as suas relações diplomáticas com Taiwan.

Na primeira reacção oficial da China ao anúncio de resignação de Bento XVI, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, afirmou que Pequim está interessada em “melhorar as relações” com o Vaticano, tendo encorajado o sucessor de Bento XVI a seguir “uma atitude flexível para criar condições à melhoria das relações bilaterais”.

Na sua declaração, Hong Lei adiantou alguns dos passos que terão de ser dados para que se concretize essa aproximação entre os dois Estados: “Primeiro, o Vaticano deve romper com as suas supostas relações diplomáticas com Taiwan, reconhecer que o governo da República Popular da China representa toda a China e reconhecer que Taiwan é uma parte inalienável do território chinês”, disse Hong. Além disso, ficou ainda a advertência para que o Vaticano “deixe de interferir nos assuntos internos da China”.

O Governo chinês usa a expressão “interferir nos assuntos internos” para classificar a exigência de Roma de que apenas o Papa tem o direito de nomear bispos católicos. Este é um ponto em que a Santa Sé já insistiu várias vezes que não pode, nem vai, ceder.

Na República Popular da China coexistem duas igrejas: a oficial, denominada de Igreja Católica Patriótica, que depende directamente de Pequim, e a “Igreja clandestina”, que permanece fiel a Roma.

A comunidade cristã tem vindo a ser fortemente condicionada na China. Já no início deste mês, a ChinaAid, uma organização não-governamental, denunciou um aumento de casos de perseguição aos cristãos durante o ano passado, tendo sido detectadas 132 ocorrências, que envolveram praticamente 5 mil pessoas, o que significou um aumento de 125% em relação ao ano de 2011.

Citando documentação classificada, a ChinaAid afirmou que houve o propósito da “erradicação de igrejas domésticas”. Para isso, as autoridades terão usado como estratégia o “encerramento compulsivo de locais de culto”, a detenção e “envio de líderes religiosos para campos de trabalho”, sob a acusação de serem “suspeitos de minarem a aplicação da lei”.

Além disso, terá havido ainda a tentativa de se “restringir fortemente a propaganda religiosa entre os estudantes”.

A ChinaAid é uma organização cristã não-governamental, comprometida com a promoção da liberdade religiosa e do Estado de Direito na China.