Papa convida cristãos a comunicar com verdade nas redes sociais

24 jan, 2013 • Filipe d’Avillez

Na sua mensagem para o dia Mundial das Comunicações Sociais, publicada nesta quinta-feira, Bento XVI enaltece a importância de evitar sensacionalismos e diz que as redes sociais podem servir para atrair pessoas à liturgia.

Papa convida cristãos a comunicar com verdade nas redes sociais
A jornalista Aura Miguel ajuda a perceber melhor a mensagem de Bento XVI para o dia Mundial das Comunicações Sociais, publicada nesta quinta-feira, destacando o desafio que o Papa lança aos comunicadores e a todos os internautas, no sentido de usarem as redes sociais com autenticidade e honestidade. O Papa enaltece também o lado positivo da internat, que pode funcionar como veículo de partilha de recursos espirituais e ajudar a aprofundar o diálogo sobre a fé.
As redes sociais “quando bem e equilibradamente utilizadas” podem reforçar “laços de unidade” e promover a “harmonia da família humana”, desde que as pessoas que as utilizam se esforcem por serem autênticas, considera o Papa.

Na sua mensagem para a Jornada das Comunicações Sociais, publicada nesta quinta-feira, Bento XVI enaltece o lado positivo das redes sociais, alertando todavia para os riscos.

Pedro Gil, director de comunicação do Opus Dei, reconhece que esta tentação pela falsidade no mundo virtual é bem real. “É um dos pilares da proposta positiva que o Papa tem. Ele diz que devemos ser o que somos em qualquer circunstância, portanto não andarmos disfarçados. Sabemos que é fácil na internet transformar a relação numa espécie de baile de máscaras em que as pessoas estão mas ao mesmo tempo estão escondidas. O desafio é esse, ser completamente transparente, não quer dizer contar tudo, quer dizer é que cada um deixe mostrar aquilo que realmente é, sem transmitir falsas imagens. Isso já seria o caminho da mentira, que o Papa considera ser o caminho errado.” 

O mesmo responsável sublinha também o risco de as novas formas de comunicação promoverem o contacto com quem está distante à custa dos que estão próximos: “É um dilema. Temos, por um lado, o facto inovador de uma pessoa de repente, com facilidade poder entrar em contacto com gente a quem quer muito bem, que não tem possibilidade de ver fisicamente e com quem entra em contacto pelas redes sociais. Mas, temos também um dado que é dilemático, contrastante e irónico que é de pessoas que estão no mesmo espaço familiar, que estão ligadas a pessoas distantes mas que dentro da mesma casa não têm muito tempo para estar uns com os outros.”

Bento XVI convida os cristãos a participar mais activamente nas redes sociais, acreditando que estas podem ser muitas vezes um primeiro contacto com a fé. “Muitas pessoas estão a descobrir – graças precisamente a um contacto inicial feito ‘online’ – a importância do encontro directo, de experiências de comunidade ou mesmo de peregrinação, que são elementos sempre importantes no caminho da fé. Procurando tornar o Evangelho presente no ambiente digital, podemos convidar as pessoas a viverem encontros de oração ou celebrações litúrgicas em lugares concretos como igrejas ou capelas.”

“As redes sociais podem reforçar o sentido da sua unidade efetiva com a comunidade universal dos fiéis”, precisa.

Neste aspecto o Papa acaba de dar um exemplo prático. Com apenas algumas semanas de presença no Twitter, Bento XVI já tem mais de 2,5 milhões de seguidores. Este é um espaço onde a voz da Igreja precisa de ser ouvida, considera Pedro Gil: “A presença é importante porque onde há um espaço bom, aberto, humano, aí deve estar a voz de Deus, a voz da Igreja e a voz do Papa. O Twitter em concreto aproveita um dos aspectos singulares deste Papa de conseguir dizer ideias muito fortes em muito poucas palavras, o Twitter é uma plataforma excelente para isso.”

A jornada das comunicações sociais assinala-se este ano no dia 12 de Maio. A mensagem é normalmente divulgada hoje por ser dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. A mensagem integral do Papa pode ser lida aqui.