Confirmada a nomeação do Cardeal Burke para a Ordem de Malta
08 nov, 2014 • Filipe d’Avillez
O Cardeal foi uma das principais vozes conservadoras no Sínodo para a Família. O americano é substituído por Mamberti, que deixa assim a "ministério dos Negócios Estrangeiros".
O Papa confirmou este sábado a nomeação do Cardeal americano Raymond Burke para o cargo de patrono da Ordem de Malta.
Burke abandona assim o cargo de prefeito da Assinatura Apostólica, o supremo tribunal da Igreja.
Burke é substituído no cargo pelo arcebispo Dominique Mamberti, de 62 anos, que até agora ocupava o cargo de Secretário para as Relações com os Estados, o equivalente a ministro dos Negócios Estrangeiros.
Já para ocupar esse importante cargo na Santa Sé o Papa nomeou um diplomata. Paul Richard Gallagher era até ao momento núncio apostólico, ou embaixador, do Vaticano na Austrália. Recorde-se que um dos principais conselheiros do Papa para a reforma da Cúria é o cardeal australiano George Pell, que na sua qualidade de Arcebispo de Sidnei terá trabalhado de perto com Gallagher.
Se a nomeação de Gallagher, que é de nacionalidade inglesa, é vista como uma promoção, e a de Mamberti como uma transferência de um cargo importante para outro, também importante, já a saída de Burke está a ser interpretada como uma despromoção.
O cargo de Patrono da Ordem de Malta é essencialmente simbólico e honorário e costuma ser atribuído a cardeais em fim de carreira. Mas Burke, que é uma das principais vozes da ala conservadora na Cúria romana e foi uma voz muito influente no recente Sínodo dos Bispos sobre a Família, em Roma, tem apenas 66 anos.
A mudança já era esperada, e o próprio já tinha referido a pena que sentia por ter de deixar o seu cargo no tribunal do Vaticano, mas só este sábado foi confirmada.
Mamberti tem em comum com Burke a formação em Direito Canónico, indispensável para chefiar a Signatura Apostólica.
Paul Richard Gallagher é visto como um diplomata altamente competente, com experiência nos cinco continentes, incluindo em Estrasburgo, junto das organizações europeias.
A sua nomeação pode ser também entendida como um sinal da crescente importância da língua inglesa para a Igreja, Gallagher é o primeiro anglófono a ser nomeado para este cargo importante desde a sua criação em 1967.
[Notícia atualizada às 11h10 de 9/11/2014]