A escola de vida do escutismo

22 fev, 2014 • Ângela Roque

Os escuteiros assinalam hoje o "Dia de BP". Baden Powell nasceu há 157 anos, em Londres, onde fundou o escutismo, em 1907. No programa “Princípio e Fim” deste domingo, na Renascença, fala-se sobre a actualidade e importância deste movimento.

A escola de vida do escutismo
Mais de 100 anos depois de ter sido criado, o Escutismo continua a ser o maior movimento juvenil: são hoje mais de 33 milhões os escuteiros em todo o mundo. Em Portugal ultrapassam os 80 mil.

O secretário nacional pedagógico do Corpo Nacional de Escutas, Pedro Duarte Silva, diz que o modelo proposto não perdeu actualidade porque continua a ir ao encontro das necessidades das crianças e jovens, desafiando-os a superarem-se.

"Há um método pedagógico, que está criado desde 1907, que se baseia no esquema de pequenos grupos, as patrulhas, que se baseia na vida da natureza, no aprender fazendo, no viver o ideal de uma lei de acordo com a promessa que é voluntariamente assumida”, justifica. O método implica um sistema de progresso individual em que cada criança evolui ao seu ritmo.

Preparar para a vida e educar para a cidadania
No entender de Pedro Duarte Silva, o escutismo prepara para a vida e educa para a cidadania: "Quando se fala que cada escuteiro deve praticar diariamente uma boa acção, é exactamente a primeira proposta que se faz ao jovem de se abrir ao outro, de servir o outro, de estar aberto ao bem comum. A partir daí há uma evolução das acções de serviço que vão fazendo para a comunidade, ou com a comunidade”.

Pedro Duarte Silva diz que o escutismo “é um jogo, mas um jogo com valores”. E valores que são ainda mais fundamentais no actual contexto em que vivemos: “O viver com pouco, o ser solidário, o viver em grupo. Se pensarmos bem, hoje viver em grupo é muito importante. Dantes isso acontecia em família, hoje não acontece. A maior parte das crianças que nos chegam são filhos únicos, ou no máximo dois filhos, por isso o escutismo dá-lhes uma vivência de grupo que é superior à da escola", explica.

Sendo o CNE um movimento católico, a dimensão religiosa é fundamental, não só na prática religiosa dominical, como “em toda a vivência em campo e em todas as actividades que são feitas”.

“Não há uma lógica 'somos escuteiros das 3 às 5 e das 5 às 6 vamos à missa', não. A vivência religiosa está integrada na vida do grupo”, acrescenta.

A aposta na formação
A formação dos chefes e dirigentes é uma das apostas da nova direcção nacional do CNE. Pedro Duarte Silva reconhece que esta é uma área fundamental, pois “as famílias portuguesas confiam-nos 60 mil jovens, dos seis aos 22 anos e estamos cientes da responsabilidade que isso implica”.

“Por isso, temos um investimento anual em formação, seja em termos de recursos como de tempo, muito grande, e vamos continuar a fazê-lo”. Para se chegar a chefe demora dois anos.

Existem hoje cerca de 13 mil dirigentes adultos, mas há comunidades onde começam a faltar: “foram trabalhar para outras cidades, emigraram ou foram estudar para fora. Há uma movimentação das pessoas, é um desafio novo, vamos ter que saber enfrentá-lo”, diz.

A entrevista a Pedro Duarte Silva vai ser transmitida na íntegra no programa "Princípio e Fim", na Renascença, no domingo, às 23h30.