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Rota das Judiarias quer atrair turistas e despertar consciências

26 jul, 2013

Património físico gastronómico e imaterial de norte a sul do país vai ser recuperado e inventariado. Apoios internacionais foram fundamentais para conseguir financiamento.

Acaba de ser anunciada a criação da Rota das Judiarias em Portugal, que pretende evocar uma cultura e uma época da história que marcaram fortemente a nacionalidade portuguesa.

Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, confirma que um dos objectivos é a atracção de turistas e a consequente criação de emprego, mas que a rota vai para além disso: “É óbvio que o objectivo é esse, mas o património cultural é o que nos diferencia enquanto país de outros destinos, e naturalmente um dos objectivos é promover o turismo, mas a promoção da cidadania, da consciência das populações locais, da nossa identidade no contexto da Península e no contexto europeu, é também elemento de grande relevância”.

“Na criação de uma noção de cidadania plena hoje, podemos valorizar estes vários momentos da nossa história, transformá-los em espaço de presença, o que potencia a nossa consciência de identidade, mas também valoriza o turismo, a economia, o modo como nos olhamos e como os outros nos olham”, acrescenta Jorge Barreto Xavier.

A Rota das Judiarias é uma iniciativa do Governo português, numa parceria alargada que envolve quase 30 municípios, a comunidade judaica portuguesa e financiadores estrangeiros, sobretudo a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein. Dos cinco milhões de euros que foram necessários para concluir o processo, o Governo apenas financiou 15%.

Entre os aspectos a recuperar encontra-se não só o património físico, mas também o gastronómico e o imaterial, explica o secretário de Estado. São muitos os espaços que vão ser intervencionados, mas um levantamento exaustivo é impossível, devido às circunstâncias históricas: “Não se pode ter uma noção exacta do número de judiarias existentes em Portugal. Ao longo da nossa história, em particular na situação que levou a que em dado momento houvesse uma prescrição dos judeus e a sua conversão forçada, que levou à existência de cristãos novos, levou a que muitas dessas judiarias e espaços fossem desmantelados, muitas sinagogas fossem secretas, pelo que não vamos conseguir reabilitar todas as que estão identificadas, nem perceber todos os espaços que são sinagogas.”