Vitória para mulheres judias que querem rezar no Muro das Lamentações

05 abr, 2013

Em resposta a uma questão do Governo, o rabino responsável pelo local mais sagrado dos judeus garantiu que ninguém será detido por rezar naquele lugar.

Vitória para mulheres judias que querem rezar no Muro das Lamentações
As mulheres judias que assim o entenderem vão poder rezar em público e em alta voz junto ao Muro das Lamentações, em Jerusalém.

A garantia foi dada, segundo a agência Religion News Service, pelo rabino Shmuel Rabinowitz, responsável pelo local, que foi questionado por um emissário do Governo depois de um grupo de activistas judias ter sido avisada pela polícia que arriscavam detenção se continuassem a comparecer junto ao Muro envergando objectos religiosos, ou entoando orações, que normalmente são restritos a homens.

A doutrina tradicional judia impede as mulheres de ler da Torá, o conjunto de livros bíblicos e comentários que compõem o núcleo do Judaísmo, ou de envergar o “talit”, o xaile bordado com que os homens ortodoxos se cobrem quando rezam. Mas o grupo “Mulheres do Muro”, que há décadas luta pelo direito das mulheres poderem exercer estas funções no local mais sagrado do Judaísmo, tem insistido em ler da Torá e usar o “talit”.

Ao longo dos anos várias foram detidas e arriscam sempre o protesto dos ortodoxos, homens e mulheres, que frequentam o espaço e que consideram os seus actos um atentado contra a lei judaica.

Recentemente a situação agravou-se quando um grupo de mulheres se reuniu para rezar o “kadish”, uma oração de luto. Na concepção tradicional as mulheres não recitam o “kadish” em público. Mais, a oração apenas deve ser recitada em público quando houver um quórum, chamado “Minyan”, e esse quórum apenas é possível com a presença de 10 homens, as mulheres podem estar presentes mas não contam para requisito mínimo.

A recitação da oração por um grupo de mulheres, sem a presença de dez homens, chocou a comunidade ortodoxa e levou a polícia a avisar as mulheres, por escrito, de que a repetição da iniciativa poderia levar a detenções. Na base está uma decisão do supremo tribunal, de 2005, que proíbe as mulheres de carregarem a Torá e de usarem “talits” junto ao muro.

Mas perante as interrogações do Governo o rabino Shmuel Rabinowitz garantiu que ninguém será detido por rezar no muro, o que está a ser interpretado como uma vitória pelas mulheres em causa.

O Muro das Lamentações é tudo o que resta do segundo Templo de Jerusalém, destruído pelos romanos cerca do ano 70. Como tal é local de peregrinação e de oração para judeus de todo o mundo.