Refugiados. Quanta estatística carrega uma criança afogada numa praia?

02 set, 2015 • Catarina Santos

A imagem é cruel e desfaz os embrulhos que tendem a envolver estas histórias numa estatística redonda e distante. Um pequeno corpo deitado na areia de uma praia turca é um símbolo chocante e gráfico do drama que acontece diariamente às portas da Europa.

Refugiados. Quanta estatística carrega uma criança afogada numa praia?
Uma criança afogada, deitada na areia de uma praia turca. Um símbolo chocante e gráfico do drama que acontece diariamente às portas da Europa. A imagem é cruel e desfaz os embrulhos que evolvem estas histórias numa estatística redonda e distante. Pelo menos 11 refugiados sírios morreram depois de duas embarcações naufragarem ao largo da Turquia, quando tentavam chegar à ilha grega de Kos. Somam-se aos mais de 2500 que morreram este ano no Mediterrâneo.
Pelo menos 11 refugiados sírios morreram esta quarta-feira depois das duas embarcações em que seguiam naufragarem ao largo da Turquia, quando tentavam chegar à ilha grega de Kos. Terão saído da zona de Akyarlar, na Península de Bodrum, um com 16 pessoas a bordo e outro com seis. Entre os mortos há pelo menos três crianças e uma mulher.

Somam-se aos mais de 2.500 que morreram este ano no Mediterrâneo, mas a estatística tende a embrulhar a realidade numa massa opaca e distante. Nas imagens recolhidas pela agência de notícias turca DHA é visível um pequeno corpo na areia da praia turca. A imagem é chocante e é um símbolo cruel do drama que acontece diariamente às portas da Europa.

Dezenas de milhares de sírios em fuga da guerra chegaram este Verão à costa turca do mar Egeu, com o objectivo de embarcar rumo à Grécia, a sua porta de entrada na União Europeia. As agências internacionais que prestam auxílio no local estimam que, só no último mês, mais de 2 mil pessoas por dia fizeram a pequena travessia para as ilhas gregas em barcos de borracha.

Uma imagem a evitar
Milhares de refugiados e migrantes continuam também a atravessar os Balcãs para chegar ao Norte da Europa. A maioria dos que conseguem chegar à Hungria amontoa-se junto à principal estação de comboios de Budapeste. As câmaras de televisão são uma constante, colocando os olhos do mundo sobre o país.

Bem ciente disso, o Governo da Hungria – que decidiu construir um muro para impedir a passagem destes migrantes pela fronteira com a Sérvia – terá dado instruções à televisão pública para que evitasse mostrar imagens de crianças refugiadas nas reportagens sobre o assunto. A autoridade local para os meios de comunicação, nomeada pelo Governo, veio esclarecer que o objectivo da instrução era apenas proteger a imagem dos menores.

Esta quinta-feira o parlamento húngaro deverá votar as propostas do Governo, que prevêem um controlo de fronteiras mais apertado, permitindo o recurso ao exército em determinadas ciscunstâncias, e a criação de novos campos de acolhimento para os migrantes.