P1 Requisitos morais superam os legais na questão dos abusos sexuais

Os requisitos morais são mais importantes que os legais, sobretudo, no que diz respeito à obrigação de denunciar casos de abusos sexuais de menores e o apoio às vítimas e suas famílias.

A ideia foi reafirmada, no fim-de-semana, pelo Cardeal Sean O'Malley, no final da primeira reunião da Comissão Pontifícia para a Protecção dos Menores. O Arcebispo de Boston é, também, responsável da comissão.

No encontro, a comissão discutiu formas de chamar a atenção para a questão dos abusos, insistindo na necessidade de se denunciarem os casos que existem, nunca os encobrindo. Nesta matéria, ninguém está acima da responsabilização, sublinhou O'Malley.

O cardeal afirmou que, embora a comissão não tenha por missão lidar com casos individuais, irá recomendar melhores práticas à Santa Sé, uma vez que "o direito canónico tem-se mostrado insuficiente" para combater este problema. Nesse sentido, já houve encontros com representantes do Vaticano e da polícia italiana.

Um dos primeiros desafios da comissão, explicou O'Malley, vai ser procurar mais membros, para garantir uma maior representatividade geográfica, incluindo mais vítimas. A comissão já conta com a presença de, pelo meno,s uma vítima de abusos, a irlandesa Marie Collins, que também participou na conferência de imprensa e disse que saía de Roma com uma sensação "muito positiva".

Collins concorda, como o Papa afirmou, que nenhuma instituição tem feito mais para combater o problema dos abusos do que a Igreja, mas "não em todo o lado". A ideia foi também sublinhada por Sean O'Malley, que chamou a atenção para o facto de haver bispos que pensam que estes problemas não podem acontecer nas suas dioceses.

Antecipando uma reunião das Nações Unidas, agendada para a próxima semana, sobre tortura, na qual se pretende abordar também o tema dos abusos de menores, Marie Collins insiste que os dois assuntos não devem ser confundidos.

O Cardeal Sean O'Malley tem um longo historial de lidar com os problemas de abusos sexuais de menores, tendo sido chamado repetidas vezes para liderar dioceses fortemente abaladas por este escândalo.