Começaram os debates. PCP e BE descartam apoio a Governo PS com "política de direita"

01 set, 2015

Jerónimo de Sousa e Catarina Martins estiveram frente-a-frente na TV. Admitiram convergências passadas e futuras contra a austeridade e condenaram declarações do eurodeputado Paulo Rangel sobre a justiça.

Começaram os debates. PCP e BE descartam apoio a Governo PS com "política de direita"

Os dirigentes do PCP e BE descartam apoiar um Governo liderado pelo PS caso os socialistas mantenham o que consideram ser uma prática reiterada de "política de direita".

No primeiro debate televisivo entre as forças políticas no parlamento, na RTPinformação, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins "trocaram galhardetes", admitiram convergências passadas e futuras contra a austeridade e condenaram declarações do eurodeputado do PSD Paulo Rangel sobre a actuação da Justiça relativamente ao poder político e económico.

O secretário-geral do PCP considera que "o problema está no lado de lá [PS]" e a porta-voz do BE afirma que "não é para isso" que o seu partido concorre às eleições, pois "o PS, para fazer um Governo de direita, pode fazê-lo com partidos de direita", responderam quando questionados sobre eventuais entendimentos com o maior partido da oposição.

"Estamos prontos e preparados para assumir uma alternativa. Seremos parte de um Governo em conformidade com a vontade o povo português, com a sua expressão de apoio, não será nunca por favor de outros ou em nome de uma estabilidade governativa", continuou o líder comunista, rejeitando à partida "este ou aquele lugar para fazer uma política extremamente negativa", pois "o Mundo não acaba ou começa no dia 4 de Outubro" e "ninguém é dono dos votos dos portugueses".

Já Catarina Martins garantiu que "o BE nunca quis ficar de fora de governos, que são constituídos de acordo com os votos que as pessoas têm no dia das eleições", mas reconheceu que "não houve ainda condições para existir um Governo de esquerda".

"Num Governo contra a austeridade, o BE nunca faltará e não tenho dúvida de que o PCP faz parte desse campo importante contra a austeridade. Se seria tudo exactamente igual? Claro que não será. Não há ninguém que não saiba que o BE, como o PCP, nunca deixou de fazer as convergências essenciais para mudar a vida das pessoas. Nunca faltaram a essa responsabilidade", disse a porta-voz bloquista.

Para Jerónimo de Sousa, "a vida tem demonstrado que o PS, em minoria ou em maioria absoluta, sempre, mas sempre, ao longo destes 39 anos, fez uma opção - a política de direita - e a verdade é que os portugueses têm prova de facto, incluindo neste programa eleitoral [do PS]", que, segundo o líder do PCP, só se diferencia da coligação PSD/CDS-PP no "ritmo, modo ou grau" de austeridade.

A "lamentável política de toca e foge"
"Os portugueses têm ou não direito a um desenvolvimento e crescimento económico soberanos, livres dos constrangimentos e da submissão? É irresponsável não o fazer [estudar e preparar saída da moeda única europeia], por decisão do povo português ou de outros", insistiu Jerónimo de Sousa, sublinhando os "custos por esta aventura", do "Portugal no pelotão da frente, Portugal na moda", que ficou "sem aparelho produtivo".

Catarina Martins concordou que, "se a união monetária não muda, Portugal tem de estar preparado para uma ruptura para sobreviver" e admitiu que o BE aprendeu "muito com o que aconteceu com a Grécia".

Relativamente à polémica sobre as declarações do social-democrata Paulo Rangel, Jerónimo de Sousa disse ser "inaceitável", pois "colide com a separação de poderes", tratando-se de "meios pouco claros" de "combate político", enquanto Catarina Martins classificou a actuação do eurodeputado do PSD como de "política de toca e foge", que é "muito feia" e "lamentável".

O debate entre o secretário-geral comunista e a porta-voz do BE iniciou o ciclo de frente-a-frente, que contará com uma inédita transmissão em simultâneo pelos três canais de televisão do duelo Passos/Costa a 9 de Setembro.

O segundo “round” está marcado para dia 17, quando Passos e Costa voltam a encontrar-se num igualmente inédito debate transmitido pela rádios Renascença, Antena 1 e TSF.