O que têm a tragédia de Entre-os-Rios e o Iraque a ver com a justiça portuguesa?

12 set, 2014

Bastonária dos advogados recorre a comparações para ilustrar "colapso" da justiça.

O que têm a tragédia de Entre-os-Rios e o Iraque a ver com a justiça portuguesa?

A bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga, criticou esta sexta-feira na Figueira da Foz a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, por desaparecer, quando o sistema judicial está "totalmente em colapso".

"É inconcebível que já tenham caído ministros por causa da queda de uma ponte [Hintze Ribeiro, em Entre-os-Rios] e que o sistema judicial esteja totalmente em colapso e a senhora ministra não apareça e se refugie no seu gabinete", comentou Elina Fraga, aos jornalistas, à margem da abertura do IX Encontro Anual do Conselho Superior de Magistratura (CSM), na Figueira da Foz.

Paula Teixeira da Cruz, cuja presença estava prevista, fez-se representar pelo secretário de Estado da Justiça, António Costa Moura. Teixeira da Cruz invocou motivos de saúde para não estar presente.

Para Elina Fraga, "a ministra não pode desaparecer quando colapsaram e paralisaram os tribunais portugueses. Ela é a face desta reforma, é ela que tem de enfrentar as consequências nefastas desta reforma".

Como o ministro de Saddam
O secretário de Estado "não sabe nada de justiça, não sabe nada do funcionamento dos tribunais [veio] fazer uma propaganda miserável", disse a bastonária.

A intervenção de António Costa Moura no encontro do CSM "parecia uma vez mais o ministro da propaganda do Governo de Saddam Hussein do Iraque, que ouvia as bombas a rebentarem e dizia que estava tudo em paz", observou.

O discurso do secretário de Estado, na perspectiva de Elina Fraga, "constitui um insulto aos cidadãos, às empresas e a todos os operadores judiciários".

Elina Fraga afirmou-se ainda "muito preocupada" com "os milhares de processos ainda em caixotes e em armazéns de tribunal" e com "os milhões de processos que ainda não estão inseridos na plataforma Citius".