Dar Voz às Causas

SOL. "Houve alturas em que era impensável ir ao dentista"

18 jul, 2023 - 18:00 • Diogo Camilo , Filipa Ribeiro

No Serviço Odontopediátrico de Lisboa, as consultas são grátis para todas as crianças até aos 18 anos que vivem ou estudam em Lisboa. Santiago tinha medo do dentista até conhecer o SOL, Francisco aprende fagote no Conservatório Nacional e a correção dos dentes foi importante para o seu desempenho.

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SOL. "Houve alturas em que era impensável ir ao dentista"
Santiago Teixeira tem 8 anos e deixou de ter medo de ir ao dentista graças ao SOL. Foto: Diogo Camilo/RR

Quando entrou pela primeira vez no SOL, há cerca de dois anos, Santiago tinha medo do dentista. Experiências passadas que envolveram dentes arrancados e dores agudas, deixaram-no de pé atrás.

“Quando era mais pequeno tive uma má experiência, depois nunca mais quis ir ao dentista. Desde que vim aqui nunca mais tive medo”, conta ao podcast Dar Voz às Causas da Renascença.

O Serviço Odontopediátrico de Lisboa, um projeto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com sede na Avenida Almirante Reis, foi inaugurado em agosto de 2019 com o objetivo de prestar consultas de medicina dentária pediátrica gratuita a todas as crianças e jovens até aos 18 anos que residem ou estudam no concelho de Lisboa.

“Houve alturas em que tive menos possibilidades e era impensável ir ao dentista. Moramos num bairro social e há pessoas que não têm quaisquer tipo de condições. Para essas crianças, esta é uma dinâmica incrível”, afirma Ana, a mãe de Santiago, que confessa ter estranhado quando soube que as consultas não tinham qualquer custo.


Hoje, com oito anos, Santiago é quem dá as dicas de saúde oral lá em casa - e assegura ser o que lava melhor os dentes lá em casa. “Lavo de manhã e à noite e como muita fruta”, diz. Doces? “De vez em quando.”

Em menos de quatro anos, o SOL chegou às 16 mil crianças e jovens inscritos. Todos os dias há 30 novas solicitações: desses 15 tornam-se utentes e outros 15 ficam na lista de espera. Nos 11 gabinetes trabalham 16 clínicos.

Num gabinete menos decorado está Francisco Viegas. Tem 16 anos e não vive em Lisboa, mas aprende fagote no Conservatório Nacional de Música e soube do SOL através do pai, que ouviu um anúncio na rádio.

Aníbal confessa mesmo que tem pena que o seu outro filho não possa aceder aos serviços do SOL. “Moramos na margem sul, no concelho do Seixal, mas o Francisco estuda em Lisboa, daí estar enquadrado na abrangência do SOL. Se eu pudesse, concorria com o meu outro filho para aqui também. A qualidade é superior e nós estamos encantados”, diz.

Francisco afirma que a correção dos dentes ajudou-o também a melhorar o desempenho. “Agora vai ser mais fácil, a questão da embocadura, não vou precisar de mexer tanto a boca”, adiantando que agora tem mais cuidados de saúde oral, como o uso do fio dentário.

Com a criação da clínica, a Santa Casa traçou o objetivo de reduzir, pelo menos, em 60% a prevalência da cárie dentária até 2025 no concelho de Lisboa.

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