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Reportagem em Espanha

Hakuna Group Music. A banda que nasceu "com umas cervejas" e agora vai atuar na JMJ

25 jul, 2023 - 17:25 • Tomás Anjinho Chagas (enviado a Madrid)

Nasceram de uma Jornada Mundial da Juventude há 10 anos, dizem ser "o maior grupo de música do mundo" e têm temas com quase cinco milhões de reproduções no Spotify. Rodam entre si e o protagonista é Jesus Cristo.

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Hakuna Group Music. A banda que nasceu "com umas cervejas" e agora vai atuar na JMJ
Edição de vídeo: Marta Pedreira Mixão

Hakuna Matata é o lema que entrou nas nossas vidas quando saiu o filme "Rei Leão". Timon e Pumba contagiaram meio mundo com ele. Os Hakuna Group Music não são tão famosos, mas já deixaram de ser desconhecidos.

São católicos e nasceram depois da Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro, após “umas cervejas” quando um grupo de amigos percebeu que tinha canções suficientes para fazer um álbum.

Dez anos depois, têm várias delegações espalhadas (incluindo em Portugal) e só em Madrid há mais de 100 pessoas no grupo de WhatsApp do conjunto.

Recebem a Renascença em Madrid, numa enorme vivenda que já foi um convento, mas que agora serve de sede à banda e onde chegam a dormir mais de 300 pessoas ao mesmo tempo, que se cruzam em missões e intercâmbios. Estão prestes a partir para Lisboa para atuar três vezes na JMJ.

Num estúdio recente, sentam-se em frente à bateria e apresentam-se: à esquerda está Pablo Gañan (PG) , produtor a tempo inteiro e gestor da banda “quando eles deixam”; à direita está Rocio Campos (RC), uma das vocalistas, “que canta quando faz falta”.

Para quem não conhece, quem são os Hakuna Group Music?

RC: Uffa (risos)! É o maior grupo de música do mundo. É uma forma que encontrámos de expressar o que vivemos e rezamos através da música e da arte. Uma maneira de servir e dar glória a Deus. É muito pobre dizer que somos só um grupo de música, porque temos algo de fundo…

PG: Cristo, caramba! Usamos a música para nos aproximarmos de Nosso Senhor e aproximarmos os mais frágeis de Deus.

Como é que começou? Foi impulsionado pelo Papa Francisco?

RC: Mais ou menos, juntaram-se várias coisas. Em 2013 houve um grupo de jovens espanhóis que gostavam muito de música e que foram à JMJ do Rio de Janeiro. Viveram coisas muito intensas e começaram a compor músicas sobre o que viveram. Desse encontro com Jesus saíram muitas canções e, enquanto bebiam umas cervejas, perceberam que tinham temas suficientes para um álbum e gravaram.

A cerveja ajudou na tomada de decisão?

(Riem-se os dois) PG: Claro que sim

RC: Isso ajuda sempre!

Porque é que se chamam Hakuna Group Music?

RC: Foi simples, no meio dessas cervejas foi fácil chegar a esse slogan do Rei Leão: Hakuna Matata. Tentámos registar e descobrimos que a Disney tinha comprado os direitos. Por isso decidimos ficar só com Hakuna. Em suaíli [língua falada em vários países da África Oriental] significa que “não existe”. É a negação do verbo existir. Foi isso que sentimos, não existem problemas para viver, para ser livre, sair à rua e viver sem vergonhas.

Não são sempre os mesmos que cantam, como é que isso funciona?

RC: Cantar no Hakuna Group Music é um serviço. Nós não cantamos ou tocamos instrumentos para nós mesmos. Fazêmo-lo para servir Deus. Nesse serviço, há vezes em que damos concertos, outras em que somos chamados a compor uma música. Muitas pessoas estão envolvidas e a ideia é colocar os teus dons ao serviço do grupo e no momento em que é preciso perguntamos quem está disponível.

Não há protagonistas?

PG: Não.

RC: Não…aliás… sim: Jesus (riem-se os dois)

PG: Sim, efetivamente. É o centro e o mais importante no que fazemos.

RC: Houve uma amiga que foi ver um concerto nosso e no dia seguinte falámos ao telefone. Ela disse-me: «Senti que Jesus estava no palco». Realmente nós não temos um Chris Martin como os Coldplay. Ela cantou, dançou e divertiu-se muito, e disse-me isso.

Como é que isso se operacionaliza?

PG: Há uma banda base e tentamos rodar entre as várias pessoas consoante a disponibilidade. Não é fácil mudar tudo, mas temos um portefólio fixo e vamos ensaiando entre todos.

RC: Somos o mesmo, mas não somos os mesmos.

O projeto começou como algo pequeno, mas agora têm concertos com milhares de pessoas. Quando é que se aperceberam que as pessoas queriam muito ouvir a vossa música?

PG: Acho que nem ao dia de hoje nos apercebemos. Sabemos que há uma repercussão grande, mas está a tudo a crescer muito rápido. Há três anos que estamos a dar concertos no Vista Alegre (sala de espetáculos em Madrid com capacidade para 15 mil pessoas) e sabemos que há artistas que trabalham muito para chegar aqui. Nós, sem termos propriamente um objetivo concreto e a fazer isto por Deus, temos conseguido isso.

RC: Não achamos que sejamos incríveis, acho que é a forma como fazemos as pessoas sentir. Eu também iria a um concerto dos Hakuna Group Music, é como se estivesses em casa. Eu já fiz teatro e é mais difícil interagir com outro tipo de público.

PG: Os técnicos de som já me disseram que não se conseguia ouvir as nossas vozes nem instrumentos, porque o público estava a cantar mais alto do que nós, é incrível.

Alguma vez pensaram em ser convidados para atuar numa Jornada Mundial da Juventude?

RC: Nunca podia imaginar…

PG: Eu não conseguia acreditar. Toco instrumentos desde os meus cinco anos e faço-o profissionalmente, mas imaginar-me a tocar perante um milhão de pessoas… cuidado, cuidado, cuidado.

E o que esperam?

RC: Nada. Acho que devemos sentir e estar abertos a sentir. Vamos divertir-nos, viver, entregar-nos, vai explodir-nos os corações.

PG: Temos a noção de que vai ser uma coisa muito grande e que vamos divertir-nos, mas vamos sem expectativa e tentar desfrutar de tudo.

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