23 fev, 2024 - 07:00 • Diogo Camilo
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Dezasseis horas, 16 minutos e 55 segundos. Foi este o tempo total dos 28 debates para as eleições legislativas que colocaram frente a frente os líderes dos oito partidos com assento parlamentar, entre os dias 5 e 19 de fevereiro, mais 75 minutos que o previsto para os moldes acertados pelas televisões.
Deste tempo, a Renascença contabilizou 12 horas, 25 minutos e 28 segundos sem intervenções do moderador, acusações ou interrupções. Ou seja, cerca de 76% do chamado “tempo útil”.
Com o último debate de segunda-feira, os líderes do PS, Pedro Nuno Santos, e da Aliança Democrática (AD), o social-democrata Luís Montenegro, acumularam mais tempo a falar nas televisões, mas foram também quem o aproveitou melhor para esclarecer os portugueses sobre os temas que os preocupam. Do outro lado, André Ventura e Inês Sousa Real estiveram nos cinco debates com mais interrupções e acusações.
Em dia de debate com todos os partidos com representação parlamentar, que é transmitido esta sexta-feira na RTP às 21h00, a Renascença faz as contas aos tempos que cada líder partidário nos frente a frente.
Os líderes do PS e da Aliança Democrática partiam para os debates com uma vantagem: o último debate, entre eles, tinha uma hora e 15 minutos de duração, enquanto os outros 27 debates tinham 30 minutos.
Em termos totais, Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro somam mais tempo nos debates televisivos - cerca de 4 horas e 40 minutos cada um -, mais tempo útil - quase duas horas -, e são também quem tem a maior percentagem de tempo: 41,2% para o socialista e 39,9% para o social-democrata.
As percentagens podem parecer baixas mas, tendo em conta que o tempo é repartido com o adversário do debate e que algum dele é da parte do moderador, 40% do tempo útil é assinalável.
No frente a frente entre ambos, a percentagem de tempo útil foi de 80%: 33 minutos e quatro segundos para o líder da AD e 32 minutos e 59 segundos para o líder do PS, em quase 82 minutos de debate.
Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos estiveram também nos dois debates com mais tempo útil da série de debates.
No topo da lista está o debate entre o socialista e Rui Tavares, do Livre, no dia 9 de fevereiro, na RTP: foram 29 minutos e 10 segundos de tempo útil, para uma percentagem de 88,2%.
Logo atrás está um dos primeiros debates: Luís Montenegro e Mariana Mortágua estiveram frente a frente a 6 de fevereiro, num exemplo de respeito e democracia que teve 30 minutos e cinco segundos de tempo útil - 87,7% de tempo útil.
À parte dos dois principais candidatos ao cargo de primeiro-ministro, André Ventura foi quem esteve mais tempo em debate, mas quem pior o aproveitou.
O líder do Chega foi quem passou mais da linha para lá dos 30 minutos de debate previstos e quem registou a menor percentagem de tempo útil (33%).
Comparando com outros líderes que estiveram nos mesmos moldes de debates, Ventura esteve frente a frente durante mais 15 minutos do que Paulo Raimundo, da CDU, mais 17 minutos que Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, e mais 24 minutos que Inês Sousa Real.
A líder do PAN foi quem teve menos tempo de debate e também a que somou menos tempo útil: 1 hora e 19 minutos, para a segunda pior percentagem de tempo útil (36%).
Não é por isso surpresa que André Ventura e Inês Sousa Real fiquem no cimo da lista de debates com mais interrupções e acusações - ou seja, menos tempo útil para se falar dos temas.
O líder do Chega está em quatro dos cinco debates com menor percentagem de tempo útil, incluindo os três com menor aproveitamento.
O debate com menos tempo útil foi entre Ventura e Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, onde metade dos 37 minutos foram ocupados por interrupções e acusações de parte a parte, em que nenhum tema em particular era discutido.
Em segundo lugar está o debate entre Rui Tavares, do Livre, e Ventura, onde pouco menos de metade do tempo de debate incluiu acusações.
Numa série de debates que, juntos, tiveram mais de uma hora a mais que o que seria normal, houve um frente a frente que destoou.
Pedro Nuno Santos e Inês Sousa Real estiveram juntos 29 minutos e 54 segundos no único debate que não durou os 30 minutos previstos, a 10 de fevereiro, na TVI.
Cada um acabou a falar sobre os temas da atualidade durante pouco mais de 11 minutos.
Há ainda quatro debates que cumpriram escrupulosamente os 30 minutos: Rui Rocha esteve em três deles, frente a André Ventura, Inês Sousa Real e Pedro Nuno Santos. O outro colocou frente a frente Luís Montenegro e Rui Tavares.
Eleições Legislativas 2024
Em mais de 16 horas de frente a frente, a Renascen(...)
Do lado contrário, o líder do Chega esteve nos três debates com mais tempo: contra Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos e Mariana Mortágua.
O debate com o líder da AD, realizado a 12 de fevereiro, durou mais de 39 minutos e terá contribuído para que o frente a frente de Ventura com Mariana Mortágua, no dia seguinte, e com Pedro Nuno Santos, dois dias depois, se tenham estendido para lá do tempo previsto.
Com o líder do PS, o presidente do Chega esteve em debate pouco menos tempo - 38 minutos e meio -, enquanto o debate entre Pedro Nuno Santos e Mariana Mortágua durou quase 37 minutos.
Nos debates, os temas mais abordados pelo líder do PS foram Saúde, impostos e salários, cenários de governação, habitação e Justiça.
Os primeiros dois, juntos, representam mais de metade do tempo útil em que Pedro Nuno Santos falou, com mais de 40 minutos.
A Educação e a Justiça foram dois dos temas em que o socialista apostou mais tempo em relação aos restantes líderes partidários, tornando-se o líder nestes dossiers.
Já o líder da coligação da Aliança Democrática teve o seu leque de temas mais distribuído: Montenegro falou mais de 10 minutos em cinco temas diferentes, todos eles entre as principais preocupações dos portugueses segundo barómetros e sondagens recentes.
O tema em que passou mais tempo foi sobre o futuro do próximo Governo. E, ironicamente, acabou por não dar todas as explicações.
O presidente do PSD falou durante 23 minutos e 10 segundos sobre o tema, mas não chegou a esclarecer se viabiliza, ou não, um governo minoritário de Pedro Nuno Santos, caso o PS surja à frente da AD nas eleições de 10 de março.
Outro dos temas em que Montenegro apostou foi o das pensões, com 13 minutos, mais do que qualquer outro líder partidário.
No topo da contabilização do tempo de debate do líder do Chega surge a corrupção, um tema que esteve presente em quase todos os debates de André Ventura.
O assunto foi falado, no total dos debates, durante 40 minutos. Ventura é responsável por 14 minutos e meio e outros 10 minutos são do adversário do líder do Chega nesses debates - mais de 60% do tempo contabilizado a falar de corrupção.
O tema é também o único com mais de 10 minutos de contabilização.
O líder do Chega foi também quem falou mais sobre imigração: quase oito minutos, mais do que todos os outros líderes juntos.
Do outro lado, Ventura foi quem menos falou sobre aumento de salários e redução de impostos de todos os líderes - 9 minutos e meio - e o segundo que menos falou sobre saúde - menos de cinco minutos.