22 jul, 2023 - 17:10 • Tomás Anjinho Chagas (enviado a Madrid)
A véspera do dia de eleições em Espanha é, tal como em Portugal, o dia de reflexão. Mas o momento é vivido de forma diferente no país vizinho. Dos jornais, passando pela rádio e pelas televisões, a política está presente.
O jornal El País diz que "A esquerda procura a remontada contra uma direita em vantagem ", e o El Mundo escreve que "Sánchez e Feijóo lutam pelos deputados que podem ser decisivos" para formar governo.
O ABC, jornal conotado com a direita, vai mais longe e lança a seguinte manchete: "Governo aproveita os últimos dias para nomear altos cargos", numa notícia que revela que o executivo do PSOE distribuiu lugares com salários até aos 22 mil euros nesta reta final da campanha.
Situado no coração de Madrid, o restaurante Botín (...)
As duas maiores rádios de informação, Cadena Ser e Cope, e as maiores cadeias de televisão, também não se inibem de falar diretamente de política neste dia de reflexão. A única regra que é escrupulosamente cumprida é a da proibição do apelo direto ao voto.
Há uma maior abertura em Espanha no dia de reflexão para a publicação de notícias sobre as eleições, mas as leis são mais apertadas em relação às sondagens. Desde a passada segunda-feira que as projeções oficiais estão proibidas e isso é cumprido. Os jornais espanhóis dedicam-se a fazer compilações de sondagens antigas e a dar-lhes novas leituras.
No entanto, como tem acontecido nas últimas eleições espanholas, há sempre um órgão de comunicação social que rompe a regra e consegue contornar a lei. Desta vez foi uma revista australiana que se atreveu a publicar trackings diários que acompanham os comportamentos eleitorais.
O Adelaide Review publicou, na tarde deste sábado o último tracking, que mantém a direita à frente e aponta para uma vitória do PP, impulsionada por uma maior mobilização do eleitorado.
Depois de 15 dias frenéticos pelo país, no dia de reflexão os candidatos têm finalmente um dia em que são obrigados a descansar, mas não desaparecem do mapa. As redes sociais servem para divulgar o que estão a fazer os políticos e marcar presença no espaço público.
Nestas eleições estão chamados a votar 37.469.142 (...)
O presidente do governo espanhol e candidato pelo PSOE, Pedro Sánchez, por exemplo, publicou um vídeo onde aparece a fazer ciclismo com a mulher em Madrid. "Natureza, desporto e a melhor companhia", escreve o chefe do executivo de Espanha na rede social twitter.
Alberto Feijóo, candidato do PP - que segundo as sondagens será o sucessor de Sánchez- optou por ficar na sua terra natal e passar tempo com a família. Na fotografia que divulgou, o líder do Partido Popular surge ao lado da mulher numa loja na Galiza. "Tempo para a família. Um dia de compras, presentes e um bom passeio pela Corunha", descreve Feijóo.
Por Madrid ficou Yolanda Diáz, candidata pela plataforma Sumar, que aproveitou o dia de reflexão para estar com amigos na capital espanhola. Nas redes sociais, a vice-presidente do governo espanhol diz que "não há melhor maneira de passar o dia de reflexão do que rodeado de colegas e amigos". Depois de tomar um copo, a candidata que agrega várias sensibilidades à esquerda vai ao cinema ver o novo filme da Barbie, protagonizado por Margot Robbie.
À direita, o líder do Vox aproveitou o tempo livre para estar com a família e para cuidar do jardim. Santiago Abascal dedicou-se a cuidar dos bonsais que tem em casa.