Turquia e Síria

Sismo. "Maior parte dos desaparecidos vão ser dados como mortos mais cedo ou mais tarde"

06 fev, 2023 - 19:15 • Pedro Mesquita com Redação

Para Nelson Olim, as primeiras horas "são caóticas" e que, neste momento, "é a fase mais difícil, em que os hospitais já colapsaram do ponto de vista funcional e capacidade de resposta".

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O conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS), Nelson Olim, considera que dos milhares de desaparecidos na sequência do sismo que abalou Turquia e Síria, "maior parte vão ser dados como mortos mais cedo ou mais tarde".

Já estão confirmados mais de 2.600 mil mortos na sequência do sismo de 7,8 graus na escala de Richter que afetou os dois países. E, segundo este especialista, à Renascença, os números da mortalidade devem continuar a subir.

"Basta saber ler nas entrelinhas. Centenas de prédios colapsados, sabendo que o sismo ocorre às 4 da manhã, com a probabilidade de estar muita gente em casa a dormir. Basta começar a multiplicar isto", indica.

Para Nelson Olim, as primeiras horas "são caóticas" e que, neste momento, "é a fase mais difícil, em que os hospitais já colapsaram do ponto de vista funcional e capacidade de resposta".

"Ela vai crescer, mas vai levar dois ou três dias para haver mais capacidade no terreno. Depois temos falta de água e a dureza do inverno", descreve.

O conselheiro da OMS explica que o cenário não diverge de outros casos de sismos a este nível e que o desafio agora é "tentar reforçar a resposta local, que estruturas de saúde ainda estão de pé e como é que as podem reforçar".

Sismo na Turquia e Síria faz milhares de mortos e feridos
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Portugal podia viver este cenário?

Numa situação em que se regista um sismo deste nível, em Portugal, poderiamos estar a olhar para um desastre semelhante?

Segundo o sismólogo Luis Matias, há uma diferença fundamental: a fronteira de placas.

"O sismo aconteceu na fronteira entre duas placas tectónicas, em terra. Em Portugal continental, não passa nenhuma fronteira de placas. A que existe está situada a sul do Algarve, no oceano. Faz toda a diferença".

Admitindo que é possível vir a ter um terramoto semelhante ao vivido em 1755 - que seria de 8,5 ou mais -, o especialista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa aponta que "a origem será sempre no mar e isso mitiga logo os efeitos".

"Poderá ser igualmente catastrófico, se as construções que temos não forem feitos para resistir a essa vibração", aponta.

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