21 set, 2022 - 19:25 • Pedro Mesquita com Redação
Vladimir Putin falou à nação russa esta quarta-feira, dia 21 de setembro, num momento em que regista sucessivas derrotas em batalha contra forças ucranianas.
Apesar de já ter falado em outras ocasiões, é preciso recuar até fevereiro para encontrarmos um discurso com tanta importância bélica. Trata-se da declaração de 24 de fevereiro que serviu para lançar o começo da guerra contra a Ucrânia.
Quase sete meses depois, comparamos as palavras de Putin desta quarta-feira com as do início do conflito. Quais são as semelhanças e as diferenças entre ambas as declarações?
Há desde logo ameaças muito semelhantes, sendo que, desta vez, - 21 de Setembro - o presidente russo fez questão de sublinhar uma expressão: "Não é bluff". Em fevereiro, dizia: "Espero ser ouvido".
"Gostaria de lembrar que o nosso país também possui meios de destruição e, para alguns componentes, ainda mais modernos que os países da Nato. Se a integridade territorial do nosso país estiver ameaçada, certamente que usaremos todos os meios à nossa disposição para proteger a Rússia e o seu povo...não é bluff".
Agora, aquilo que Putin dizia a 24 de Fevereiro, quando lançou a ofensiva militar na Ucrania, apelidava de "Operação Militar Especial". Já na altura - há 7 meses - existia um aviso ao Ocidente: "Quem nos tentar impedir deve saber que a resposta da Rússia será imediata e que levará a consequências de tal ordem que nunca experimentaram na sua história". E acrescentava: "A Rússia moderna, mesmo após o colapso da URSS, é hoje uma das potencias nucleares mais poderosas do mundo" Espero ser ouvido".
O tempo passa mas a ameaça é a mesma. Por outras palavras: "Não é bluff".
ONU
Presidente norte-americano considera que "ninguém (...)
A palavra é "chantagem". Putin usa essa mesma expressão, referindo-se ao Ocidente, nos dois discursos. Do discurso de 24 de fevereiro sublinhamos esta frase: "Enfrentamos constantemente, por parte da NATO, enganos ou mentiras cínicas, ou tentativas de pressão e chantagem".
E o que diz Putin agora? Diz que "a chantagem nuclear" foi lançada e encorajada pelo Ocidente, quer pelo bombardeamento à central nuclear de Zaporíjia - com Moscovo a responsabilizar os ucranianos - seja na referência de Putin a alegadas declarações de altos representantes da NATO sobre a possibilidade do uso de armas nucleares contra a Rússia.
Há, como acontece em todas as guerras muitas acusações para consumo interno.
A novidade agora é que, sete meses depois, o presidente Russo sente necessidade de realizar uma mobilização parcial, de cidadãos na reserva, para prosseguir o que apelidava em fevereiro de "Operação Militar Especial".
Já a contradição é esta: A 24 de Fevereiro, Putin dizia: "Os nossos planos não incluem a ocupação de territórios ucranianos. Não vamos impor nada a ninguém pela força". A realidade da guerra, sete meses depois, desmente, de forma particularmente dolorosa, a promessa feita em fevereiro pelo presidente da Federação Russa.