Guerra na Ucrânia

Domingos Paciência acolhe refugiados ucranianos. "Ninguém pode passar ao lado do que está a acontecer"

18 mar, 2022 - 20:07 • Pedro Mesquita

Antigo futebolista conta com a ajuda de um amigo para dar apoio imediato com casa, roupa e alimentação a uma mulher que fugiu da Ucrânia com duas filhas. "Vieram com uma saca plástica, com uma muda de roupa, sem pijama para dormir, sem calçado".

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Peça Pedro Mesquita (Domingos Paciência - refugiados Ucrânia)

Domingos Paciência é a prova de que não é preciso ter bola para fazer uma grande assistência ou marcar um grande golo.

Juntamente com um grupo de amigos, o antigo avançado do FC Porto, está a ajudar dezenas de refugiados ucranianos a chegar a Portugal.

Um desses casos é o de “uma senhora com duas filhas, uma tem sete anos e é autista”. À Renascença, Domingos conta que houve “total abertura para ajudar e para criar as condições a uma pessoa que vem fugida de uma guerra. Ninguém pode passar ao lado do que está a acontecer e todos nós somos sensíveis e acho que todos nós podemos ajudar”.

Um teto, roupa e comida

Graças ao seu esforço, juntamente com o de um amigo, proprietário de um hotel, foi possível arranjar um apartamento para Lubia e para as duas filhas.

A prioridade é “criar as condições para que não lhes falte nada”. A roupa e a comida são ajudas fundamentais.

“Elas vieram com uma saca plástica, com uma muda de roupa, sem pijama para dormir, sem calçado”, conta.

Tradutor Google para facilitar a comunicação

Faz este sábado uma semana que esta família chegou a Portugal. Não falam inglês. Português, tampouco.

Para coisas tão simples, como saber os tamanhos de roupa de que necessitam, Domingos conta que a comunicação se faz de telemóvel em punho e Google Tradutor aberto: “falamos para lá e, depois, passamos para ela para ouvir, para ela ler [em ucraniano]. Foi a única forma que encontramos de comunicar”.

Mas há outras questões por resolver, para lá do imediato. Ter teto, comida e roupa para vestir é importante.

Mas, depois, “há a parte psicológica, principalmente da filha mais velha, que tem 14 anos e está muito triste, muito fechada e muito pensativa”.

O semblante pesado é evidente, “mas é difícil quando se tem o pai longe e na situação em que se está”.

Para já, Portugal é uma casa provisória para esta família. Lubia e as filhas já têm número de contribuinte e de utente do SNS, mas, na verdade, anseiam pelo regresso a uma Ucrânia em paz, mesmo sem saberem se ainda terão uma casa no país que tiveram de deixar por causa da guerra.

“Quando se deixa para trás uma casa, uma vida construída, percebo que o que esteja na cabeça dessas famílias seja querer voltar ao seu país”, reconhece Domingos Paciência, para quem a prioridade é ajudar. Na esperança de que as notícias solidárias sejam contagiosas.

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