Do Algarve à Galiza

Caminho Marítimo de Santiago apresenta-se como nova oferta turística

27 mai, 2022 - 20:50 • Ana Carrilho

Cruzeiro inaugural com cinco embarcações parte amanhã de Vila Real de Santo António e vai percorrer a costa portuguesa e galega durante 17 dias. Vai ser um teste para afinar uma nova oferta turística portuguesa.

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A poucas horas da partida (prevista para as 09h00-09h30 deste sábado), António José Correia não esconde o entusiasmo.

O antigo presidente da Câmara de Peniche e membro da Fórum Oceano - Associação de Economia do Mar, onde coordena a rede de estações náuticas do país, trata dos últimos preparativos para a viagem.

Para assinalar esta viagem inaugural e demonstrativa, passou pelo posto dos CTT da Estação Náutica do Baixo Guadiana, em Vila Real de Santo António, onde se pode adquirir o postal alusivo.

Depois da foto com a funcionária Natércia, enviou um postal à mulher, que não o pode acompanhar neste cruzeiro. O segundo postal já foi enviado para a Renascença. Em cada porto em que as embarcações pararem, há postos de correios para enviar postais e carimbar a credencial que atesta a realização do Caminho Marítimo português de Santiago.

De Vila Real de Santo António partem quatro embarcações à vela e a caravela Vera Cruz, que poderá ser visitada nos portos de paragem. Mais de 3.500 crianças deverão visitá-la. Pelo caminho mais embarcações vão juntar-se ao grupo inicial e segundo José António Correia, deverão ser mais de 20 a chegar a Padrón, na Galiza.

A primeira paragem é em Vilamoura. Seguem-se Lagos, Sines, Cascais, Peniche, Aveiro, Matosinhos e Viana do Castelo, no dia 10 de junho, Dia de Portugal.

Depois de passar pelos portos galegos de Baiona e Villagarcia de Arosa, a viagem marítima termina em Padrón no dia 13, Dia de Santo António. Até à Catedral de Santiago de Compostela são mais 12 quilómetros a pé.

Caminho marítimo português de Santiago com muito apoio, mas ainda muito que melhorar

“Houve uma grande adesão de velejadores que se associaram a esta iniciativa voluntariamente. E tivemos de fechar as inscrições porque infelizmente, Portugal não tem condições para receber um cruzeiro com muitas embarcações”, diz o coordenador da rede que já tem 45 estações náuticas.

Sendo uma viagem demonstrativa, vai servir para tirar muitas notas sobre o que será necessário melhorar. Antes da partida, António José Correia deixa já um aviso: “se queremos receber eventos desta natureza, temos de investir nas infraestruturas, marinas e portos de recreio para que possamos fazer jus à nossa vocação marítima”.

Esta será mais uma oferta turística nacional e o dirigente da Fórum Oceano – Associação de Economia do Mar revela à Renascença que foi por isso que a Rede estações Náuticas aceitou o desafio da Upstream Portugal, a empresa que estrutura e coordena os caminhos terrestres portugueses de Santiago.

“O cruzeiro é a ponta do iceberg no quadro do Caminho Marítimo português de Santiago, um produto turístico náutico, espiritual, religioso”. Segundo José António Correia, vai ser desenvolvido até ao fim do ano, com o envolvimento das estações náuticas.

A estruturação passa por criar condições para receber em qualquer altura do ano qualquer nauta, peregrino nauta ou velejadores em cada um dos portos que aderirem, os chamados Portos de Santiago. Mas também identificar os pontos culturais relacionados com a época romana, altura em que, segundo a lenda, o corpo do Apóstolo Santiago foi transportado na “barca de pedra”, de Jaffa até Compostela, na Galiza.

“Se atravessou todo o Mediterrâneo para chegar à Galiza, terá passado pela nossa costa e aportado em muitos dos portos que já existiam. Com base no levantamento histórico que estamos a fazer, vão criar esse imaginário e a oportunidade dos nautas e peregrinos experienciarem, individualmente ou em grupo, estes portos de Santiago, receber o carimbo na credencial e ter acesso prévio aos pontos de interesse, além de ter um interlocutor em cada porto, à distância de um click ou pessoal”.

António José Correia afirmou ainda que há uma candidatura das estações náuticas, coordenada globalmente que será submetida à certificação pelo Ministério da Cultura e Turismo de Portugal. Esta é uma oferta turística que está a ser construída e que está a ser acompanhada por todas as entidades regionais de turismo. Também poderá ter apoio financeiro no âmbito do programa “Transformar Portugal”.

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