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Dúvidas Públicas

Presidente do BPI acredita em juros abaixo de 3% ainda este ano

20 abr, 2024 - 08:05 • Sandra Afonso , Arsénio Reis

Em entrevista à Renascença, João Pedro Oliveira e Costa rejeita ainda qualquer tipo de concertação em matéria de depósitos e defende que o Estado também "arrecadou muito com os lucros da banca", que considera irrepetíveis nos próximos anos. O presidente do BPI admite que a polémica com o IRS foi um “arranque em falso” do novo Governo.

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Os juros que apertam o cinto às famílias portuguesas vão começar a descer e devem ficar abaixo dos 3% este ano, e chegar aos 2,5% em 2025, prevê o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, em entrevista ao programa Dúvidas Públicas, da Renascença. Atualmente, a taxa de juro definida pelo BCE é de 4%.

“Vai haver uma descida moderada, lenta, não vai ser repentina e não vamos, quase de certeza, para o patamar onde estávamos anteriormente. Acredito que acabaremos o ano com taxas de juro um pouco abaixo dos 3% e, depois, durante 2025, se aproximem mais dos 2,5%, mas de uma forma lenta”, afirma o banqueiro, para quem as taxas de juro já podiam ter começado a descer.

O presidente do BPI alerta para as ameaças que chegam do exterior e aconselha prudência aos portugueses e que não se precipitem em despesas, quando sentirem a folga dos juros.

“Recomendaria às pessoas que, quando sentissem as primeiras descidas das taxas de juro, não alterassem os comportamentos de consumo, ou seja, mantivessem alguma prudência porque eu não acho que estejamos num cenário estável, não por Portugal, mas pelo que vem de fora, nomeadamente a questão geopolítica.”

"A rainha desta história é a taxa mista"

João Pedro Oliveira e Costa garante que a taxa mista é, atualmente, a melhor opção para quem pede um empréstimo à habitação. A taxa variável já foi a mais procurada no país, agora os clientes preferem a mista, que seria também a opção pessoal, admite.

"Agora, a rainha desta história é a taxa mista. Porque há uma sensação de descida das taxas, então fixa-se a taxa em três ou cinco anos. Neste momento, a nossa contratação, entre 60% a 70% é taxa mista, 20% é taxa fixa e só o restante é taxa variável", explica.

O presidente do BPI rejeita regras mais apertadas para a concessão de crédito, apesar de ter aumentado o incumprimento. Pelo contrário, critica algum excesso nos procedimentos exigidos. Defende que a origem do incumprimento no crédito à habitação está relacionado com a crise na habitação e com a falta de casas no mercado. A solução passa pela industrialização da construção e pela diminuição da burocracia.

Oliveira e Costa nega conluio nos depósitos

Nesta entrevista ao programa Dúvidas Públicas, João Pedro Oliveira e Costa rejeita qualquer tipo de concertação na banca sobre os juros aplicados aos depósitos: “Felizmente, somos muito concorrenciais todos, uns entre os outros, e não há nenhum conluio ou uma situação de oligopólio”.

Garante que a remuneração dos depósitos em Portugal já se aproxima da média europeia e explica que nem sempre é possível comparar, “porque o peso dos depósitos nas grandes empresas noutros países é muito maior do que em Portugal”. “Para algumas coisas não posso ser europeu e para outras português”, afirma.

Ainda em matéria de poupança, o presidente do BPI nunca considerou os certificados de aforro uma ameaça para o setor, mas critica a remuneração excessiva que chegou a ser dada pelo Estado.

“Quando olhamos para a média dos certificados de aforro e eles são de 50 mil euros por conta, parece-me um bocadinho excessivo estar a pagar aos portugueses com mais capacidade financeira com base noutros portugueses que têm de pagar por essas taxas. Alguém tem que pagar isso. O Estado não existe, o Estado somos nós.”

“Estado arrecadou muito com lucros da banca”

Os lucros recorde da banca não se vão repetir nos próximos anos, afirma o presidente do BPI, que em entrevista à Renascença sublinha também que o Estado foi um dos grandes beneficiários, com os impostos cobrados.

João Pedro Oliveira e Costa acrescenta que o BPI cumpriu a sua parte: ajudou os clientes, os trabalhadores e a sociedade civil.

“O Estado arrecadou também muito com a evolução dos lucros da banca. O importante numa empresa quando tem resultados positivos é reconhecer as pessoas, pagar os impostos e cumprir a nossa missão. Acho que esse aspeto foi feito”, defende o banqueiro.

“Nos próximos anos não vamos assistir a resultados nestes níveis. Os lucros da banca foram muito baixos em relação ao capital, temos uma dimensão de capital muito significativa, e eu diria que neste momento estamos a normalizar o que é a rentabilidade dos capitais próprios para qualquer empresa particular”, argumenta.

“Arranque em falso” do Governo

O presidente do BPI admite que a polémica com o IRS foi um “arranque em falso” do novo Governo, mas avisa que “os portugueses não estão muito disponíveis para situações semelhantes”.

Em entrevista à Renascença, João Pedro Oliveira e Costa fala numa falha de comunicação e que é preciso deixar trabalhar quem manda, mas a margem para novos episódios é agora muito curta.

Para o IRC, defende uma descida ao nível dos principais países concorrentes, como Espanha, que têm uma taxa cerca de 5 pontos percentuais mais baixa.

O homem forte do BPI não acredita que exista folga orçamental e critica a excessiva despesa da máquina do Estado, suportada sobretudo pelas empresas.

Ainda assim, troca a descida do IRC por outros incentivos, em linha com o que já tinha dito à Renascença o presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, Armindo Monteiro.

Governador Centeno é "fator estabilizador"

No programa Dúvidas Públicas desta semana, João Pedro Oliveira e Costa faz uma avaliação "muito muito positiva" do trabalho do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que chegou a ser indicado por António Costa para o substituir na liderança do Governo.

Faz rasgados elogios a Mário Centeno, "principalmente pela atitude que tem junto da banca. É um fator estabilizador, motivador, agregador e completamente independente".

Entre 2010 e 2023, os cinco maiores bancos fecharam mais de dois mil balcões e eliminaram 16 mil postos de trabalho. No último ano, encerraram 26 balcões e ficaram com menos 331 funcionários.

O presidente do BPI acredita que já foi alcançado o objetivo de redução de trabalhadores na banca, “será muito difícil” cortar mais.

“Penso que chegámos a um momento onde estamos nas melhores práticas da Europa, quer dizer que nós, possivelmente, em termos de eficiência estamos num ponto que será muito difícil em termos de número de pessoas irmos muito mais abaixo. A banca está a reinventar-se”, sustenta.

Nesta entrevista à Renascença, o presidente do BPI anuncia que nas próximas semanas deverá ficar fechado o acordo salarial com os sindicatos, para 2024.

O Dúvidas Públicas pode ser ouvido aos sábados na antena da Renascença ou a qualquer altura em rr.pt e nas principais plataformas de podcast.

Comentários
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  • Maria
    20 abr, 2024 Palmela 11:40
    Gracas a deus que o dinheiro que o bpi me emprestou ja o paguei todo" se fosse agora nao tinha dinheiro pra pagar!
  • Maria
    20 abr, 2024 Palmela 11:29
    Por acaso sou cliente do bpi mas qualquer dia deixo de ser o dinheiro" esta se acabar!

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