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Reverter Brexit é "ilusão" por agora, mas Rangel vê sinais de reaproximação de Londres à UE

07 set, 2023 - 20:50 • Pedro Mesquita

O eurodeputado social-democrata acredita numa "aproximação progressiva" que pode passar pelo regresso ao programa Erasmus.

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O eurodeputado Paulo Rangel sobre as relações entre o Reino Unido e a União Europeia
Ouça a entrevista

Marca as últimas horas a notícia de que o Reino Unido vai regressar aos programas científicos da União Europeia, após dois anos de ausência.

O Governo britânico e a Comissão Europeia carimbaram um acordo que permitirá aos investigadores britânicos candidatarem-se a bolsas, e participarem em projetos, no âmbito dos programas "Horizonte e Copernicus".

Que sinal é este? Até onde nos pode levar esta reaproximação? Paulo Rangel, que, no PPE, se tem debruçado sobre matérias relacionadas com o Brexit, classifica este acordo como "um sinal muito importante de aproximação depois de um Brexit extremamente duro".

O eurodeputado social-democrata considera ilusória a ideia de que será possível reverter o Brexit, pelo menos a curto prazo: "Tudo aponta para que haja uma aproximação progressiva, sem que isso signifique uma reversão do Brexit. Pelo menos para já.

Certo, certo - diz em entrevista à Renascença - é que os sinais de aproximação vão aumentar.

Rangel não ficará surpreendido, por exemplo, se o Reino Unido regressar no programa Erasmus.

Qual é a importância deste regresso do Reino Unido aos programas científicos da União Europeia?

É fundamental, desde logo, porque nós sabemos que o Reino Unido, designadamente através das suas universidades, tem uma capacidade de criação e de geração de investigação e a tudo que lhe está associado...as patentes, a tecnologia, o desenvolvimento etc., que é do melhor do mundo.

Portanto, para a Europa é uma coisa boa e para o Reino Unido também. Não nos podemos esquecer, por exemplo, que as universidades de Oxford e Cambridge eram as universidades que mais fundos europeus conquistavam através dos programas de investigação nas mais variadas áreas.

Quando nós falamos de programas como o “Horizonte” e o “Copernicus”, é evidente que o envolvimento do Reino Unido é muito importante.

Pode ser visto como um sinal? Isto pode ser um primeiro passo para alguma coisa?

Isto é um sinal muito importante de aproximação depois de um Brexit que foi extremamente duro. Entre as várias opções de saída que existiam, foi muito duro.

Repare, o Reino Unido rejeitou a sua participação no programa Erasmus. É uma coisa que de facto choca. E isso aconteceu também com este tipo de programas, como o “Copernicus” ou “Horizonte”.

Quero aqui salientar que também já com a Irlanda do Norte houve uma aproximação. Aqui Rishi Sunak tem tido um papel importante, porque, no fundo, passou a ter uma estratégia pragmática. Outra coisa que tem tido um papel muito importante é a deterioração enorme da economia britânica, que está a sofrer os efeitos do Brexit de um modo severo.

E depois, finalmente, há uma questão que reuniu os dois lados do Canal da Mancha, que é a questão da Ucrânia. A compreensão que, de facto, tem que haver um relacionamento muito estreito está a ajudar em algumas frentes...é que mesmo com o Brexit não fazia sentido nenhum que não houvesse uma cooperação estreita e, portanto, qualquer mente lúcida na Grã-Bretanha já percebeu, obviamente, que tem que reatar esses laços.

Mas é uma ilusão pensar-se que depois do Brexit poderemos ter um “entrance”?

Acho sinceramente que é uma ilusão. É uma ilusão, neste momento.

Se falamos no médio prazo, tudo é possível. Mas pensar que pode haver uma rápida inversão, ou reversão, da situação do Brexit, acho que será extremamente complicado que tal possa acontecer. É altamente improvável.

Há uma coisa que é certa, no meu ponto de vista: A aproximação testemunhada agora vai aumentar. Isto é.…o domínio de matérias de cooperação vai ser cada vez maior.

Quando estamos a falar de aproximações pragmáticas e pontuais, estamos a falar, por exemplo, numa autorização aos cidadãos da União Europeia de entrarem no Reino Unido sem passaporte, e vice-versa? Estamos a falar de coisas do género que possam ir abrindo portas?

Acho, por exemplo, que um passo próximo que pode acontecer é o Erasmus...uma reentrada no Erasmus.

Acho que há um conjunto de matérias parcelares, segmentadas, em que pode haver este tipo de aproximação.

Tudo aponta para que haja uma aproximação progressiva, sem que isso signifique uma reversão do Brexit, no médio prazo.

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