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Ténis

​O que sente um tenista às portas de Roland-Garros? “Não posso pensar muito nos sonhos”

23 mai, 2024 - 18:55 • Hugo Tavares da Silva

Em declarações a Bola Branca, Jaime Faria confessa que o entusiasmo já atrapalhou um pouco, mas que tem nível para ganhar jogos e chegar ao quadro principal do torneio que tem “a melhor terra do mundo”. Entre ele e o sonho está o brasileiro Felipe Meligeni Alves.

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Não esconde que o entusiasmo atrapalhou “um bocadinho” nos primeiros dias em Paris. A aura de Roland-Garros tem de impactar qualquer um, digam o que disserem, e também Jaime Faria já o sentiu na pele. Já viu por lá lendas também, o que torna tudo maior ainda. Mas está focado no seu ténis, no que pode fazer. Lida cada vez melhor com as expectativas e, por isso, espera dormir melhor esta noite.

É que na sexta-feira, pela fresca, vai tentar algo muito importante para o ténis nacional: furar o qualifying de Roland-Garros e entrar no quadro principal, juntando-se assim a Nuno Borges. Para tal, já superou dois rivais: Clement Tabur, o francês que é atualmente o n.º 235 do mundo, e o norte-americano Zachary Svajda (n.º 122).

“Senti-me bem, a jogar bem, estou confiante. Já trazia confiança da semana anterior em Oeiras”, confirma a Bola Bola, numa alusão à primeira vitória num torneio challenger, no qual na semifinal eliminou o filho de Burruchaga, o futebolista argentino que marcou na final do Mundial 1986. Jaime Faria tornou-se assim o 12.º português a conseguir tal proeza.

“Estive sempre focado nos dois jogos, com boas sensações. Aqui na terra, que é a melhor terra do mundo [risos], senti-me bem”, resume a ainda curta experiência em Paris o n.º 183 do mundo.

Segue-se Felipe Meligeni Alves, o brasileiro que é n.º 136 do ranking ATP. “Sei que é um jogador aguerrido, que já teve boas vitórias e tem mais experiência do que eu a este nível”, avalia. “É um jogo que pode encaixar no meu, eu encaixar no dele… Sei que tenho de me preparar bem com a minha equipa técnica. Hão de conhecê-lo melhor do que eu. Vou informar-me, mas vou focar-me no meu jogo. É o mais importante.”

Uma coisa é certa: “Sempre adorei ver ténis, na verdade jogar um torneio do Grand Slam era um sonho. Tem sido um bom torneio, mas não posso pensar muito nos sonhos. Tenho de estar com os pés bem assentes na terra”.

Quando chegou a Paris, apesar do corpo queixar-se da viagem e do tal torneio onde triunfou, o “feeling” era bom. Afinal, “é especial estar aqui, é a realização do meu trabalho, é por isto que eu trabalho”. No fundo, e reforçando, tem de saber manter “os pés bem assentes na terra”, na tal melhor terra do mundo e na terra que permite fintar os delírios. “Estou com nível para ganhar jogos aqui, como tenho feito. Amanhã [sexta-feira] é mais um.”

Durante o Estoril Open, Jaime Faria disse a esta rádio que tinha muitíssimo respeito pela derrota. “É verdade que estou a ter um bom ano, mas tenho sempre muito respeito por todos os outros jogadores e pela derrota, sei como custa”, confessou então. Acabava de se estrear num torneio ATP e deixava para trás um grande início de 2024, depois de vencer quatro torneios ITF no Algarve.

E deixou uma solução para a vida lhe correr bem: “O ténis dá-nos umas boas sovas de humildade quando não estamos com os pés bem assentes na terra”.

Familiar, hein?

Resta saber quanto tempo é que a sola das suas sapatilhas vão beijar “a melhor terra do mundo”.

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