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Duas atrizes detidas no Irão por não usarem véu islâmico

21 nov, 2022 - 14:01 • Rosário Silva

Detenções aconteceram depois de as populares atrizes terem manifestado, através das redes sociais, total apoio aos protestos que decorrem no país desde a morte, em setembro, de Mahsa Amini, a jovem curda iraniana, de 22 anos.

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Duas conhecidas atrizes iranianas foram detidas por apoiarem publicamente os protestos em massa contra o Governo do Irão.

Hengameh Ghaziani e Katayoun Riahi foram detidas pelas autoridades iranianas e estão agora a ser investigadas por alegadas publicações consideradas "provocatórias" nas redes sociais, e por manifestações de solidariedade para com os manifestantes, nas quais surgem sem véu islâmico.

Os protestos têm sido recorrentes no Irão, desde a morte, em setembro, de Mahsa Amini, a jovem curda iraniana, de 22 anos, que foi detida pela polícia por alegadamente fazer mau uso do véu islâmico.

Desde então, pelo menos seis pessoas já foram condenadas à morte por participarem nestas manifestações, indicam as agências internacionais.

Na rede social Instagram, antes da detenção, Hengameh Ghaziani, que vaticinava ser a sua “última publicação”, divulgou um vídeo, onde se mostrava na rua, sem o véu islâmico, em jeito de apoio aos protestos que há dois meses fazem tremer o regime opressor iraniano.

“Aconteça o que acontecer comigo, saibam que, como sempre, estou com o povo iraniano até ao meu último suspiro”, referiu a atriz de 52 anos.

Ghaziani foi, pouco depois, detida pelas autoridades, por incentivar e apoiar os “motins”, adiantou o Iran Internacional, um independente do Irão.

Também Katayoun Riahi, de 60 anos, foi detida pelos motivos semelhantes e por ter surgido numa entrevista sem usar o tradicional hijab, o véu islâmico, mostrando-se totalmente contra o seu uso obrigatório.

As duas atrizes estão entre um número considerável de figuras públicas iranianas que têm manifestado o seu apoio aos manifestantes, mobilizando-se as leis do país.

Por exemplo, o rapper iraniano Saman Yasin foi condenado à pena capital por apoiar os protestos contra a República Islâmica. O artista de 27 anos, conhecido por fazer música de protesto, foi condenado por ser moharebeh, ou seja, inimigo de Deus.

Mais recentemente, Medhi Taremi, jogador do FC Porto, tomou posição em defesa das vítimas da repressão no país e Ehsan Hajsafi, capitão da equipa nacional de futebol do Irão, no Campeonato do Mundo no Qatar, considerou “inadequadas” as condições no país, o que está a deixar “o nosso povo insatisfeito”.

Esta terça-feira, na estreia no Mundial do Qatar, os jogadores da seleção iraniana não cantaram o hino.

Também o responsável pela federação de boxe do Irão, Hossein Soori, anunciou que não regressaria de um torneio em Espanha, devido à repressão violenta dos protestos no seu país natal.

Segundo a BBC, os ativistas dos direitos humanos estimam que cerca de 400 manifestantes já foram mortos e outros mais de 16 mil outros foram presos numa ação de repressão por parte das forças de segurança.

Os líderes do Irão dizem que os protestos são "tumultos" orquestrados pelos “inimigos estrangeiros” do país.

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