Daniel Carriço: “Sporting tem argumentos para fazer face ao Arsenal”

16 mar, 2023 - 12:45 • Pedro Castro Alves

Antigo capitão dos leões, quatro vezes vencedor da Liga Europa, pede uma equipa “mentalmente preparada” para um jogo em que “há chances de passar a eliminatória”. Analisa época do Sporting e as hipóteses portuguesas nas competições europeias.

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Daniel Carriço, antigo capitão do Sporting e vencedor de quatros Ligas Europa pelo Sevilha, vê os leões com “vida difícil” na visita ao Emirates Stadium, mas sublinha, sem rodeios: “Temos sempre de nos permitir sonhar”.

Os leões partem para Londres com a possibilidade de acesso aos quartos de final totalmente em aberto, depois do empate por 2-2 conseguido em Lisboa. Em Bola Branca, o defesa analisa a equipa, as possíveis escolhas de Rúben Amorim e as ausências de Coates e Morita.

Nesta entrevista à Renascença, o antigo internacional português reflete sobre as possibilidades de uma equipa portuguesa voltar a conquistar uma competição europeia, traçando um paralelo com a experiência pessoal, vivida no Sevilha, onde “a ambição e desejo” foram a chave do sucesso.

Depois do empate por 2-2 em Alvalade, o que espera do jogo em Londres?

O Arsenal, neste momento, é um dos adversários mais poderosos da Premier League, a par do Manchester City. Vêm com uma confiança tremenda, com dinâmicas e futebol de ataque muito bom. Acho que o Sporting vai ter vida difícil, mas temos sempre de nos permitir sonhar e pensar que é um jogo onde tudo pode acontecer. O Sporting também tem argumentos para fazer face ao poderio do Arsenal.

Rúben Amorim disse que os primeiros dez ou 15 minutos são especialmente importantes. Concorda?

Penso que o mister Rúben Amorim tem toda a razão, porque os dez, 15 primeiros minutos são fundamentais nestes jogos, para perceber se o Arsenal vai fazer a pressão habitual, já que o Sporting é uma equipa que gosta de sair a jogar desde trás. É importante que isso aconteça, para conseguir ganhar confiança, sentir que também é dono da bola, que consegue chegar à baliza do Arsenal e que eles sintam que o Sporting pode ameaçar e chegar à vitória.

O Sporting tem de estar mentalmente preparado para um jogo com muitas adversidades, mas também tem as suas armas e há algumas chances de poder passar a eliminatória.

Morita e Coates ficam de fora por castigo. A ausência do capitão é particularmente preocupante?

Ambos os jogadores são peças importantes, mas neste tipo de jogos talvez o mais importante seja a liderança e jogadores que transmitem tranquilidade quando as coisas não estão tão bem. O Coates é esse jogador, é o líder do balneário e uma baixa de peso. Mas, a nível de jogo, o Sporting tem jogadores para colmatar essas ausências.

Nuno Santos tem estado em destaque e marcou um grande golo no último jogo, contra o Boavista. Ainda assim, é possível que saia do onze para dar lugar a Matheus Reis. Devia Amorim tentar encaixá-lo noutra posição?

O Nuno Santos tem feito uma temporada a grande nível, o último golo é exemplo disso. Tem rendimento nas duas posições, tem jogado mais na ala, mas já mostrou que também pode jogar na frente.

O que é certo é que o Matheus Reis é mais defesa e, a defrontar jogadores como o Bukayo Saka, talvez seja importante tê-lo lá. O mister Amorim saberá a melhor opção, mas St. Juste, Diomandé e Gonçalo Inácio no meio, com Matheus Reis à esquerda, pode ser a solução.

Sporting parece estar a encontrar a melhor forma nesta fase da época, apesar do mau arranque…

É um facto que a época não tem corrido da melhor maneira, sobretudo a nível interno, mas o Sporting está agora com um rendimento elevado, que pode estar ligado à eficácia. No início da época, fazia boas exibições, mas não concretizava as ocasiões e isso acaba por passar fatura. A equipa começa a entrar numa dinâmica negativa e os jogadores vão perdendo confiança. Agora, nesta fase, é seguir até ao final e aproveitar esta dinâmica positiva.

Na opinião de quem conquistou quatro vezes a Liga Europa, quais são as hipóteses de uma equipa portuguesa conquistar uma competição europeia?

As equipas portuguesas têm conseguido equiparar-se aos grandes tubarões. Temos o exemplo do Benfica, que esta época conseguiu bater o pé ao PSG. É muito difícil, mas os clubes portugueses têm de sonhar, tal como no meu caso quando estava no Sevilla. Em termos de orçamento e jogadores, também defrontámos e eliminámos equipas pela ambição e pelo desejo enorme que tínhamos de ganhar, não tento pelo valor do plantel, mas pela mística.

É essa a ideia que quero deixar: as equipas portuguesas têm de sonhar e ter ambição. Quem deseja mais, ambiciona mais, está mais perto da vitória.

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