Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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Aguiar-Branco tem razão?

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Aguiar-Branco tem razão?

24 mai, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


Quando Ventura expende uma palermice, a forma de não lhe dar relevância, é ignorá-lo. Dependendo do que diz, como é evidente. É uma atitude que contraria claramente a prática de seu antecessor, Santos Silva que, aparentemente, terá contribuído para o crescimento do Chega.

A propósito da discussão sobre o novo aeroporto na AR, Ventura produziu um comentário sobre o tempo previsto para a concretização do projeto, explicando que “os turcos, que não são exatamente conhecidos como grandes trabalhadores, construíram o novo aeroporto de Istambul em 5 anos”. A esquerda parlamentar levantou-se num clamor. Aguiar-Branco explicou que não está ali para censurar deputados. Sérgio Sousa Pinto, na CNN, foi dos poucos a defender o presidente do Parlamento.

A imunidade dos deputados também serve para protegê-los dos seus próprios disparates. Aguiar-Branco não perdeu tempo. Elaborou um documento onde se defende que “uma ofensa dirigida a qualquer deputado, grupo parlamentar, partido político extravasa o que é a liberdade de expressão e deve merecer um reparo do senhor presidente da Assembleia da República…coisa diferente é quando essa ofensa ou injúria é dirigida aos não participantes no debate”. Houve reservas do Bloco, PAN e Livre. Um “voto de repúdio” é a proposta da segunda figura do Estado para corrigir os excessos no exato momento em que se verificam.

Aguiar-Branco tem razão?

Quando Ventura expende uma palermice, a forma de não lhe dar relevância, é ignorá-lo. Dependendo do que diz, como é evidente. É uma atitude que contraria claramente a prática de seu antecessor, Santos Silva que, aparentemente, terá contribuído para o crescimento do Chega. A indignação dos Media com as atoardas de Ventura e a quase unanimidade do comentariado das televisões sobre a inadmissibilidade do despropósito de chefe do Chega, também contribuem certamente para alimentar o fenómeno.

Coisa diferente que merece um tratamento diferente são as “ofensas e injúrias permanentes” por parte dos deputados do Chega, principalmente em relação às mulheres, que Isabel Moreira denunciou em entrevista à Rádio Observador. A deputada socialista fala de um “quotidiano infernal” no Parlamento. Neste caso, de acordo com o porta-voz da conferência de líderes parlamentares, o presidente da AR quer saber o que se passa para que “possa adotar procedimentos que o Regimento e o estatuto dos deputados permitem”.

A pouco mais de duas semanas das eleições europeias, os debates quer na televisão, quer na rádio, têm-se ocupado precisamente da Europa. O que não é pouco, tendo em consideração o histórico das discussões em anteriores eleições europeias. Neste nosso tempo o objetivo da visibilidade pública acaba por perturbar o mais elementar bom senso. Joana Amaral Dias apresentou-se na RTP para um debate para o qual não tinha sido convidada. Entrou nas instalações da empresa pública, estacionou o automóvel, percorreu corredores, utilizou elevadores para cima e para baixo à procura do estúdio onde iria decorrer o debate. Tudo mostrado, em direto, nas redes sociais. Só parou praticamente à porta do estúdio, quando alguém a deteve.

O CA emitiu um comunicado onde considera que “os dois candidatos do partido ADN cometeram ilícitos, tendo consciência de que os estavam a praticar”. Após a avaliação do que aconteceu, “a RTP reagirá oportunamente nas instâncias próprias”. Outro caso de captura mediática foi o de um grupo do Ergue-te em confrontos físicos violentos junto da sede do Bloco de Esquerda. Para estas eleições europeias, o Chega reciclou os cartazes das legislativas. Não mostram o candidato Tânger Correia. Ventura foi a Madrid à reunião da direita radical europeia onde explicou aos castelhanos que será o próximo primeiro-ministro de Portugal. O conclave, convocado pelo Vox espanhol, que acolheu também a francesa Marine Le Pen, a italiana Meloni, o húngaro Viktor Orbán, pode ter impacto no resultado das eleições europeias?


A informação sobre o “linchamento” de um miúdo nepalês numa escola portuguesa por um grupo de colegas, afinal, não aconteceu. A organização que deu a notícia veio assumir o erro mas não deixa claro o que efetivamente se passou. O episódio lembra o “arrastão da praia de Carcavelos”. Televisões em direto, populares a explicarem o que se tinha passado num “acontecimento que não aconteceu”. Ainda bem que o tal “linchamento” da criança foi um não acontecimento.


Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, a história do homem que cultivava canábis em casa e foi denunciado por um incêndio na própria casa; o atual ministro da Educação é um exemplo de boa comunicação deste Governo; o presidente da TAP fez uma recomendação pública sobre a estrutura acionista da empresa. O ministro da tutela mandou-o tratar da gestão da empresa.

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