04 dez, 2023 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador d’As Três da Manhã alerta para um período explosivo em termos de urgências no nosso país.
Na análise à notícia da Renascença, que dá conta que as urgências tiveram menos 1.800 atendimentos por dia em outubro e novembro, Henrique Raposo diz que “parece que voltamos aos confinamentos com os efeitos dos confinamentos, o excesso de mortalidade”.
“Vai rebentar, porque vamos entrar num período normal, onde a mortalidade tem o seu pico que é dezembro, janeiro e fevereiro. E no estado em que os hospitais estão, a consequência óbvia é: os portugueses vão morrer mais do que o que era suposto”, adverte Henrique Raposo.
Serviço Nacional de Saúde
Atendimentos caíram 15% em novembro e 9% em outubr(...)
No espaço de comentário da Renascença, Raposo lembra que “estamos com os nossos idosos a morrer, como nunca morreram em períodos normais”.
“Nós tivemos excesso de mortalidade entre agosto e outubro. O ano passado já tivemos excesso de mortalidade na casa das 15.000 pessoas a mais, 15.000 portugueses morreram e não deviam ter morrido. E vamos entrar no período negro - dezembro, janeiro, fevereiro. Nós corremos um risco de um embaraço nacional que é termos as eleições legislativas na cauda de uma mortalidade sem paralelo na história da democracia, na história dos últimos 100 anos”, observa.
Para o comentador, as pessoas chegam as urgências com “as doenças mais avançadas, com a implicação óbvia: os portugueses vão morrer mais, vai haver mais mortos”.
Neste contexto, Henrique Raposo pede “coragem, de uma vez por todas, para se “olhar para o SNS e reformulá-lo e adaptá-lo àquilo que existe noutros países da Europa, Holanda, Alemanha, França, Eslováquia, por aí fora… Há modelos de saúde mais flexíveis, mais avançados daquilo que temos”.
“Não está em causa o direito à saúde, o que está em causa é a maneira como esse serviço é prestado”, diz Raposo, acrescentando que “os médicos, quando saltam do SNS para os privados, não estão a pedir só mais dinheiro, estão a pedir outra gestão de recursos humanos que lhe permite ter uma vida”.
As urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tiveram, em média, menos 1.800 atendimentos por dia nos meses de outubro e novembro do que no período homólogo de 2022. Nos dois primeiros meses completos das escusas dos médicos ao trabalho extraordinário, além das 150 horas anuais obrigatórias, os dados do SNS mostram uma tendência de redução progressiva nos atendimentos.