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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Divergências transatlânticas

05 dez, 2022 • Francisco Sarsfield Cabral • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Em resposta à agressão russa à Ucrânia, os EUA e a UE têm mostrado uma frente unida, surpreendendo Putin. Para que essa unidade não se desfaça, importa que as divergências atuais sejam ultrapassadas.

O presidente francês Macron foi a Washington. Ainda antes de ser recebido por Joe Biden, Macron queixou-se publicamente dos generosos subsídios dos EUA a vários artigos industriais, como automóveis movidos a eletricidade, desde que produzidos em território americano, tornando difícil os artigos franceses poderem competir.

Esta queixa é partilhada por outros países europeus, que se sentem prejudicados pelos apoios financeiros dados às empresas americanas, em particular no sector da energia e no dos semicondutores. Nos EUA, Macron falou em nome da Europa. O nacionalismo económico de Joe Biden atrai empresas europeias para os EUA e trava o investimento na UE.

Do lado americano também existem queixas sobre o modelo económico europeu. Por exemplo, não agrada aos EUA o facto de muitas empresas europeias, nomeadamente alemãs, terem ficado dependentes da energia proveniente da Rússia, ou do mercado chinês para exportarem. Em Washington também se lamenta que a maioria dos países europeus só muito lentamente esteja a aumentar as suas despesas com a defesa, adiando a sua promessa de dedicarem a esse sector 2% do PIB.

Em resposta à agressão russa à Ucrânia, os EUA e a UE têm mostrado uma frente unida, surpreendendo Putin. Para que essa unidade não se desfaça, importa que as divergências atuais sejam ultrapassadas. A visita de Macron à Casa Branca foi um passo nesse sentido. Outros passos se devem seguir.

Comentários
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  • Cidadao
    05 dez, 2022 Lisboa 09:55
    Problemas comerciais, haverá sempre, mas o bloco Ocidental está condenado a entender-se, para não estender a passadeira às Chinas deste Mundo. Quanto ao investimento na Defesa, Washington tem razão: cá na Europa continua a pensar-se "fiquem os Americanos com a despesa da Defesa, que nós preferimos o Social". O grande problema é que não é o Social que protege a Europa dos Putins deste Mundo. E os "camones" podem começar a lançar mais os olhos para o Pacífico, e para a China, do que para a Europa. E quando isso acontecer, a Europa está mais ou menos entregue a si própria contra Rússias e afins, e quando isso acontecer, vamos todos ter de sair brutalmente do conforto do sofá, neste parque geriátrico chamado Europa. Ou passar a viver sob os ditames de Moscovo