07 ago, 2019
O Eurobarómetro da primavera, divulgado na passada segunda-feira, contém dados curiosos, tanto sobre a maneira como os cidadãos europeus encaram a UE, como quanto à atitude dos portugueses face à situação económica e social do país.
É surpreendente que, estando a UE a atravessar uma série de crises (o Brexit, a imigração, a alta dos eurocéticos, a incompleta da reforma do euro, a violação por parte de vários Estados membros de princípios e valores essenciais à democracia liberal, etc.) mesmo assim tenha aumentado a percepção positiva da maioria dos cidadãos europeus sobre a UE, o estado da democracia e a economia. Desde 2014 que esta sondagem não obtinha resultados tão positivos.
O apoio à união monetária e ao euro não tem precedentes. A confiança na UE encontra-se ao nível mais elevado desde há cinco anos e continua a ser superior à confiança dos europeus nos governos e nos parlamentos nacionais.
Parece, assim, que o projeto de Salvini, Marine Le Pen, Viktor Orbán e muitos outros, apoiados por Steve Bannon (que liderou a campanha eleitoral de Trump e se manteve cerca de um ano na Casa Branca) não possui as virtualidades que os seus mentores previam – o objetivo era destruir a UE por dentro.
A acreditar no Eurobarómetro, os europeus prezam mais a Europa comunitária e a moeda única do que os eurocéticos nos querem fazer crer. Por outro lado, 55% dos europeus inquiridos declaram-se satisfeitos com o funcionamento da democracia – o nível mais alto desse 2004.
A maioria dos portugueses (57%) confia na UE e 60% afirmam ter uma imagem positiva da Europa comunitária. 84% dizem sentir-se cidadãos da UE. Pelo contrário, os portugueses (55% dos inquiridos) não confiam no governo do país e quase 60% desconfiam da Assembleia da República.
Na área da economia, a sondagem do Eurobarómetro está longe da imagem cor-de-rosa que o governo procura transmitir: 61% dos portugueses inquiridos classifica de “má” a situação económica nacional. As principais preocupações dos portugueses têm a ver com a saúde e a segurança social.
Note-se que o pessimismo português está longe da média europeia, que é positiva – apenas 34% dos europeus não se mostram optimistas quanto ao futuro da UE.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus