09 abr, 2019
A Comissão Europeia indiciou três fabricantes de automóveis - BMW, Volkswagen e Daimler - de violarem as regras da concorrência. As três empresas estão a ser investigadas por suspeitas de terem formado um cartel para travar a competição na área das tecnologias limpas.
Mais uma vez, a comissária Margrethe Vestager surge a promover a concorrência, primeira linha da defesa do consumidor. E revela coragem, ao enfrentar grandes empresas, como estas e como o Google, que ela já multou três vezes, de maneira pesada. Agora, M. Vestager admite a possibilidade de os consumidores europeus terem sido impedidos de comprar carros com a melhor tecnologia disponível por causa do alegado cartel.
Como o FMI reconhece em estudo divulgado há dias, nas economias desenvolvidas a concentração empresarial aumenta desde o início deste século. O que pode prejudicar o crescimento económico e o investimento, travar a inovação e estagnar os rendimentos dos trabalhadores. Nos Estados Unidos a política “anti-trust” tornou-se complacente com as empresas em matéria de concorrência, sobretudo quando se trata de fusões, acrescento eu. Na Europa, felizmente, a Comissão Europeia tem mantido uma atitude firme nesta área, muito graças à comissária Vestager.
Não são apenas as vantagens da competição empresarial para os consumidores que aqui estão em causa. Acontece que, à medida que as empresas crescem e aumentam o seu poder de mercado, conseguem fazer subir os lucros, cobrando preços mais altos e reduzindo a produção. Consequentemente, diminuem a necessidade de capital e o investimento.
Segundo escrevem dois especialistas no blogue do FMI, “ao reduzir o investimento, o crescimento do poder de mercado enfraqueceu a procura agregada e, por extensão, amplificou ligeiramente o impacto da crise financeira de 2008.” Por outro lado, “a concentração do poder de mercado levou também a um recuo de 10% da quota do rendimento nacional dos trabalhadores nas economias avançadas, ampliando as desigualdades.” E, se a concentração empresarial não for controlada, pode travar a inovação, “uma vez que as empresas não teriam incentivos suficientes para se distinguirem dos concorrentes por meio da inovação”.
No final da notícia sobre este estudo do FMI, lê-se no último número do semanário “The Economist”: “Se existe na economia uma lei digna desse nome, é aquela que nos diz que as empresas preferem fundir-se com outras empresas, a competir”.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus