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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Vigiar o investimento estrangeiro

15 fev, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A UE é o primeiro destino mundial do investimento estrangeiro. Mas intensifica a vigilância quanto a certos investimentos.

A desaceleração da economia europeia, com os efeitos previstos no abrandamento da economia portuguesa, reflete, em parte, as incertezas que persistem no comércio internacional. Por exemplo, ninguém pode garantir, hoje, que os EUA não irão subir os direitos aduaneiros sobre a importação de automóveis europeus.

Parece predominar, agora, um certo otimismo sobre a guerra comercial entre os EUA e a China. Um dos obstáculos a um fim feliz desse conflito reside na proteção que, na China, as empresas chinesas recebem através de subsídios, políticas industriais e crédito de bancos do Estado.

Esta guerra comercial goza de algum apoio na Europa e nos próprios EUA, por causa do intervencionismo estatal chinês que distorce a concorrência. Os dirigentes chineses argumentam com as especificidades do seu “sistema”. Que também se manifestam na atuação de grandes empresas chinesas no estrangeiro.

O que explica a aprovação no Parlamento Europeu (PE) de um mecanismo para coordenar a análise dos investimentos na UE por parte de empresas de países não comunitários. O investimento estrangeiro na UE representa 36% da riqueza da União e emprega 7,6 milhões de pessoas. Aliás, a UE é principal destino mundial do investimento estrangeiro.

A China não se encontra entre os primeiros investidores na Europa comunitária, por enquanto. Mas o ritmo do investimento chinês na UE tem vindo a acelerar. Há meses o PE mostrou-se preocupado com os investimentos chineses nos sectores bancário e energético. É o caso de Portugal, assim como também temos por cá empresas chinesas ligadas ao Estado chinês.

Note-se que o referido mecanismo aprovado no PE apenas permite aos governos dos Estados membros controlar melhor os investimentos estrangeiros - a decisão final caberá sempre aos governos nacionais. Para Portugal, este reforço da vigilância do investimento externo no país peca apenas por tardio.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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