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Congresso ADHP

Falta de reconhecimento afasta profissionais qualificados da hotelaria

27 mai, 2021 - 20:16 • Ana Carrilho

Diretores de hotéis reclamam mão de obra qualificada para a retoma da atividade turística mas avisam que há falta de pessoas, situação que vai criar uma subida dos ordenados, "o que pode não ser mau, se for comportável com o aumento das receitas", sublinha Raul Ribeiro Ferreira.

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Os hotéis estão a reabrir aos poucos, mas além das dificuldades de tesouraria para iniciarem as operações até que consigam as primeiras receitas, deparam-se com a falta de mão-de-obra qualificada.

O alerta foi deixado hoje em Fátima, no início do 17º Congresso da ADHP – Associação de Diretores de hotéis de Portugal – pelo presidente, Raúl Ribeiro Ferreira. Os cursos de gestão hoteleira não têm saída apenas para o setor do turismo e muitos profissionais, com o encerramento das unidades hoteleiras, procuraram alternativas.

Por isso, “nos próximos tempos vai ser difícil encontrar recursos humanos disponíveis. Quem já está na operação sente que há falta de pessoas e com qualificação. Essa situação vai gerar subida dos ordenados, o que pode não ser mau, se for comportável com o aumento das receitas”, referiu Ribeiro Ferreira no congresso que decorre hoje e amanhã.

“Para ter serviços de qualidade e garantir a boa imagem do país, é preciso ter pessoas com formação e qualificação. No entanto, há quem se afaste desta área precisamente porque as diversas profissões não são devidamente reconhecidas e valorizadas, quer a nível financeiro, quer social”.

Por isso, o presidente da ADHP alertou a Secretária de estado do Turismo, Rita Marques, para o facto da tabela de classificação dos empreendimentos continuar por rever. Nessa revisão, defende a ADHP, os recursos humanos também devem ter pontos.

Ribeiro Ferreira frisa que “a aposta num diretor de hotel devidamente certificado, em quadros com licenciaturas, com mestrados ou pós-graduações e noutro tipo de formação é fundamental para se garantir a sustentabilidade das profissões no setor e que se mantenham na atividade”.

De "bazuca" a "boomerang"

Rita Marques reafirmou hoje que o turismo português não precisa de reformas estruturais e por isso, não se justificava entrar no PRR – Programa de Recuperação e Resiliência.

Por outro lado, o Plano de Reativação do Turismo apresentado a semana passada e com mais de 6 mil milhões de euros (quase metade do valor da “bazuca europeia”), segundo a Secretária de estado, permite ajudar as empresas nesta fase mais difícil e promover a aceleração para atingir as metas definidas na Estratégia 2020-2027.

Para Rita Marques não há dúvida que agora é preciso “executar o Plano”. O Turismo pode e deve continuar a contribuir ativamente para o PIB, mas também pode ser um setor de referência no contexto nacional e internacional. Cumpre a todos ter esta ambição.

Rita Marques manifestou ainda o desejo de que muito em breve, “esta nossa bazuca se transforme num boomerang. Tudo aquilo que será desenvolvido pelas empresas será, com certeza, devolvido a todos, enquanto sociedade”.

Aeroporto tem de ser resolvido de uma vez por todas

Para o presidente do CTP – Confederação do Turismo Português – é muito claro que o setor tem que estar entre as prioridades do governo, pelo grande contributo que traz ao país.

E isso implica “resolver de uma vez por todas a questão do aeroporto (do Montijo)”, frisou Francisco Calheiros. “A pandemia fez esquecer os congestionamentos, mas o aeroporto tem uma elevadíssima importância estratégica para o país. Chega de adiamentos e recuos”, sublinhou o dirigente associativo do setor

Para o presidente da Entidade Regional de Turismo do centro, Pedro Machado, é importante que se reconquiste a confiança dos consumidores e que se consolide o mercado interno.

Para ajudar a hotelaria da região de Fátima, a Câmara de Ourém tem em marcha o Programa “10001 noites”, em que por cada noite que o cliente compra, a autarquia oferece a segunda. E segundo o presidente Luís Miguel Albuquerque, desde abril mais de 2.500 dessas noites já foram reservadas.

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