Nova vacina, novo domicílio
Desta vez, encontramos Joaquim, 83 anos, sentando no sofá, da sua pequena casa. Joaquim não consegue andar, tem graves problemas de visão e uma doença oncológica. Perguntamos se sabe o que vai acontecer. “Sim, senhora. Vou ser vacinado." Sabe também que é a vacina “contra a pandemia”.
Em tempos, foi ladrilhador. Chegou a viver na Venezuela e na África do Sul. Solteiro, vive com os cuidados da irmã, Maria do Carmo, 10 anos mais nova, também já vacinada com uma dose. Muito atenta e meiga com o irmão, Maria do Carmo abre a porta de casa com alegria e não se cansa de agradecer. “Muito obrigada, do fundo do coração”, diz, por várias vezes.
Cumpre-se outra vez o protocolo. Vacina administrada, recomendações dadas, meia hora de vigilância feita e ruma-se à última casa da manhã.
Aqui vai ser vacinação dupla - um casal de 82 e 87 anos. Ela com Alzheimer, ele já "meio apardalado", diz o filho, acompanhado da mulher, ambos no desemprego. Preferem não prestar declarações pois, dizem, são uma família discreta. Oferecem um bolinho, falam com a enfermeira sempre prestando atenção se há alguma reação adversa. Nada a registar, fazem-se as despedidas.