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Henrique Raposo

“Farmacêuticas têm que saber que não estão a fazer telemóveis ou t-shirts ou botox”

10 mai, 2024 - 10:45 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos

Henrique Raposo analisa a rutura, desde meados de abril, de um medicamento essencial para o tratamento de cancros. As reposições de stock podem só começar em junho.

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“Farmacêuticas têm que saber que não estão a fazer telemóveis ou t-shirts ou botox”

“As farmacêuticas têm que saber que não estão a fazer telemóveis ou t-shirts ou botox”. É o comentário de Henrique Raposo à notícia da Renascença que dá conta da falta um medicamento essencial no tratamento do cancro, desde abril.

O comentador d’As Três da Manhã assinala que o mercado do medicamento “está completamente desregulado. E não é só na questão do cancro. Todos os dias há dramas nas farmácias em Portugal, devido à falta de um medicamento essencial para as pessoas”.

Raposo dá mesmo o exemplo da batalha que tem que travar para encontrar, por vezes, os dois medicamentos diários que a filha mais nova precisa.

“Sem aquilo, a nossa vida não é possível. E sempre que eu recebo a receita da médica, basicamente desenvolvo uma guerra a correr as farmácias todas da minha zona de Lisboa inteira, depois já é Coimbra, Porto ou Aveiro, onde conseguir arranjar aquilo que é fundamental”, conta.

No seu espaço de comentário na Renascença, Henrique Raposo classifica a falta de medicamentos como “um drama social há muitos anos” que não tem a dimensão política que devia ter, porque as “televisões não fazem um bom trabalho; as televisões são cada vez mais o país sentado e do comentário”.

Raposo diz ainda que “a direita não quer falar disto [da falta de medicamentos] porque esta é uma consequência indireta de uma coisa que parecia boa, quando foi feita, que é a lei Macedo que, em 2012, baixou muito o preço do medicamento”.

“À partida, parece bom e é bom, mas, ao baixar tanto o preço do medicamento, levou a que, sobretudo, os intermediários do medicamento em Portugal exportem imediatamente aquilo que têm para outros países, para fazer mais dinheiro”, alerta.

Já “a esquerda também não quer falar disto”, porque, segundo Raposo, “boa parte da solução implica necessariamente aumentar um pouco o preço do medicamento e, portanto, a esquerda e a direita não querem falar deste assunto, porque está no seu ângulo cego”.

Por fim, o comentador entende que o papel dos media “é apertar a sério neste ponto”.

“Tem que haver uma censura social sobre os atores do mercado do medicamento”, remata.

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