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Morreu a cantora Gal Costa

09 nov, 2022 - 14:16 • Ricardo Vieira

Faleceu aquela que é considerada uma das maiores vozes da música popular do Brasil. Gal Costa, cantora da música de abertura da telenovela "Gabriela", tinha 77 anos.

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A cantora brasileira Gal Costa morreu esta quarta-feira. Aquela que é considerada uma das maiores vozes da música popular do Brasil, e muito apreciada pelos portugueses, tinha 77 anos.

A morte de Gal Costa foi confirmada pela assessoria de imprensa, avança o jornal "Folha de São Paulo".

Gal Costa tinha cancelado um concerto no festival Primavera Sound, em São Paulo, que estava marcado para o fim de semana passado.

As causas da morte não são conhecidas. A cantora brasileira encontrava-se a recuperar após a retirada de um nódulo na fossa nasal direita, após uma cirurgia em setembro, e ficaria fora dos palcos até o final de novembro, seguindo recomendações médicas, de acordo com os seus agentes.

Gal Costa, nome artístico de Maria da Graça Costa Penna Burgos, nasceu em Salvador da Bahia, a 26 de setembro de 1945. No tempos de juventude foi influenciada pela música de João Gilberto.

Pioneira da nova vaga da música popular brasileira, nos anos 60 do século passado, a sua voz surgiu pela primeira vez em disco de estreia de Maria Bethânia (1965), onde fez um dueto com Caetano Veloso.

"Domingo, o primeiro disco em nome próprio, também ao lado de Caetano Veloso, foi lançado dois anos depois.

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Também cantou no disco "Tropicalia ou Panis er Cercensis" (1968), com nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé. O disco é um dos pilares do movimento tropicalista.

Gal Costa foi catapultada para a fama com o tema "Modinha para a Gabriela", o tema de abertura da telenovela "Gabriela, Cravo e Canela" que marcou a história da televisão brasileira e portuguesa.

"Gabriela" foi a primeira telenovela a passar em Portugal e tornou-se num fenómeno de popularidade.

Ao longo da longa carreira foi distinguida com vários prémios, como o Grammy Latino de Excelência Musical, em 2011, Melhor Cantora nos Prémios de Música Brasileira, em 2016, entre outros.

Marcelo evoca "Gal Costa já com saudade"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, divulgou uma mensagem no site oficial onde evoca Gal Costa "já com saudade" e expressa "sentidos pêsames à família e amigos".

"Desde a sua participação em 1968 no álbum 'Tropicália', que deu nome a um movimento, e a uma época da cultura brasileira, fomos seguindo Gal Costa de perto ou à distância. Com outros brilhantes baianos, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Betânia, Gal construiu uma das obras mais ricas e diversas da música popular brasileira, gravando dezenas de discos de estúdio e ao vivo, cantando Ary Barroso e Tom Jobim, colaborando com Chico Buarque e Tom Zé, entre muitos outros", refere Marcelo Rebelo de Sousa.

"Além de inúmeros prémios brasileiros, venceu também o Grammy Latino para o conjunto da obra. Em 1975, Portugal ouviu-a no genérico da novela 'Gabriela', que parou o País. E nunca deixámos de comprar os discos e de comparecer aos concertos, os últimos dos quais, marcados para este mês, o seu desaparecimento impediu, ficando a eterna lembrança de meio século de canções", referiu o Presidente da República.

Lula da Silva já lamentou a morte de Gal Costa. O Presidente eleito do Brasil considera que foi "das maiores cantoras do mundo, das nossas principais artistas a levar o nome e os sons do Brasil para todo o planeta".

"Seu talento, técnica e ousadia enriqueceu e renovou nossa cultura, embalou e marcou a vida de milhões de brasileiros", afirma Lula da Silva.

Dilma Rousseff foi uma das primeiras personalidades a reagir à morte de Gal Costa. A antiga Presidente do Brasil fala num "choque para todos".

"O Brasil perde hoje uma das maiores cantoras da nossa história", escreveu Dilma na rede social Twitter.

Zélia Duncan também já manifestou pesar pelo desaparecimento de Gal Costa. "Ah, Brasil...que vazio. Sem Gal Costa, que tristeza sem fim", disse através das redes sociais.

"Muito triste e impactado com a morte de minha irmã Gaúcha", lamentou o cantor Gilberto Gil.

Gal Costa vai ser recordada como "a maior"

Em declarações à Renascença, o crítico musical brasileiro Sérgio Martins diz que o Brasil está estupefacto com a morte de Gal Costa, que vai ficar na história da música como “a maior”.

“Estamos todos passados aqui. A Gal Costa aparentemente não tinha nenhum problema grave de saúde, era uma pessoa super-saudável”, afirma Sérgio Martins.

O que representa Gal Costa para a cultura brasileira? “Eu diria até para a cultura mundial, para mim, é uma das maiores cantoras de todos os tempos”, sublinha.

“É curioso você perceber que cada um tem a sua lembrança particular de Gal Costa, porque a carreira dela abrangeu tantos estilos, tantos períodos da música popular brasileira, através da nossa memória afetiva ou através dos nossos estudos, por essa música você lembra de uma fase de Gal Costa. Podemos falar da Gal Costa tropicalista, roqueira, psicadélica, sexy, tropicalista, revivalista ou da Gal pop”, refere o crítico musical.

Com uma carreira de cinco décadas, Gal Costa vai ser recordada como “a maior”, sublinha.

Questionado que música de Gal Costa quer ouvir agora, Sérgio Martins elege o tema “Sem Medo nem Esperança”.

“A primeira vez que entrevistei a Gal Costa foi quando ela lançou ‘Estratosférico’, em 2015, e abre com uma canção linda do compositor Artur Moreira, chamada ‘Sem Medo nem Esperança’”, afirma o crítico musical.


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