05 out, 2020 - 11:08 • Pedro Azevedo
Diz o provérbio que “de Espanha, nem bom vento nem bom casamento”. E a sabedoria popular aplica-se ao futebol. No balanço dos casamentos no relvado de portugueses e espanhóis, a equipa das quinas sai a perder.
No total, Portugal e Espanha defrontaram-se 36 vezes. Seis vitórias lusas, 14 empates e 16 triunfos de "nuestros hermanos". O duelo ibérico de quarta-feira em Alvalade é o 37.º da história das duas seleções.
O primeiro jogo de futebol da história dos dois países vizinhos realizou-se em 1921, há quase um século. Foi a 18 de Dezembro de 1921, em Madrid. A Espanha venceu por 3-1. O golo da equipa portuguesa foi marcado por Alberto Augusto que alinhava no Benfica. E desde esse duelo, Portugal precisou de 16 jogos, e 26 anos, para vencer a Espanha.
A 26 de Janeiro de 1947, no Jamor, a seleção portuguesa venceu por 4-1. O portista Araújo marcou dois golos e Travassos que integrava os famosos violinos do Sporting também bisou. Depois desse triunfo, seguiram-se, até à data, apenas mais cinco vitórias das quinas, em 20 jogos entre as duas equipas.
A última foi a 17 de Novembro de 2010. A última e mais expressiva: 4-0, com golos de Carlos Martins, Postiga (2) e Hugo Almeida. Foi a forma de Portugal mitigar a eliminação do Mundial, poucos meses antes, nos oitavos de final, na África do Sul, quando a Espanha, que viria a sagrar-se campeã do mundo, venceu por 1-0, com um golo de David Villa.
Quarta-feira, em Alvalade, portugueses e espanhóis encontram-se dois anos depois de um jogo memorável de Cristiano Ronaldo. No Mundial de 2018, em Sochi, na Rússia, o capitão das quinas foi o autor dos três golos de um jogo emotivo que terminou empatado a três.
Foi a quarta vez que Portugal e Espanha se encontraram numa fase final. Antes, os espanhóis venceram no desempate por penáltis, numa meia-final do Euro 2012; afastaram Portugal dos oitavos de final do Mundial de 2010; a equipa portuguesa ganhou por 1-0 no Euro 2004; no Europeu de 1984 registou-se um empate a uma bola.
Esse encontro no Vélodrome, em Marselha, foi o primeiro entre os vizinhos ibéricos numa fase final. A 17 de Junho de 1984, Portugal marcou primeiro por António Sousa aos 52’, num bonito chapéu a Arconada. O lateral-esquerdo Álvaro Magalhães fez a assistência para o golo.
”O Chalana colocou a bola nas costas do Victor Muñoz, porque sabia que eu iria aparecer subido no flanco. O Maceda tentou fazer a dobra e eu recuperei a bola. Nesse momento, ou colocava a bola na cabeça do Jordão ou fazia o passe para fora da área. Antes do jogo, o treinador António Morais tinha-me falado na solução de entregar a bola fora da área nos terrenos do Sousa. E foi o que eu fiz. Atrasei a bola para o Sousa que fez um grande golo. É um golo que fica para a história do futebol português”, relata Álvaro Magalhães, em entrevista a Bola Branca.
Portugal esteve a vencer até aos 73 minutos quando Santillana, avançado do Real Madrid, empatou. Nesse Europeu, Portugal acabaria por cair frente à França na meia-final. A Espanha foi finalista vencida, sendo derrotada na final pelos franceses por 2-0.
Antes do jogo com a Espanha, Álvaro Magalhães conta que a rivalidade histórica que atravessa séculos entre os dois países foi conversa de balneário e ajudou a tonificar mentalmente a equipa.
“Houve um estímulo extra devido à rivalidade entre os dois países. Por estarmos num Europeu foi ainda mais motivante. Foi um grande jogo. Empatámos, mas poderíamos ter ganho. O Portugal-Espanha é um clássico de seleções. Sente-se como jogar a nível de clubes um clássico, em que intervenham Benfica, FC Porto ou Sporting. Jogámos na altura contra jogadores de grande craveira que chegaram à final do Europeu e curiosamente anos mais tarde vim a ser adjunto do Camacho que foi meu adversário nesse jogo”, lembra o antigo internacional português.
O Portugal-Espanha de quarta-feira é um particular de preparação que serve de ensaio geral para os jogos da Liga das Nações com França e Suécia dos dias 11 e 14 de outubro, respetivamente.
Portugal é o atual detentor da Liga das Nações e continua a ser o campeão da Europa em título. Falta o título mundial à equipa das quinas,ambição que o selecionador nacional não enjeita em 2022. Álvaro Magalhães acha que há condições para acreditar.
Seleção AA
Selecionador nacional acredita que "é possível" co(...)
“Se a Espanha foi campeã mundial em 2010, Portugal pode sonhar em 2022. O selecionador e equipa técnica reúnem jogadores de grande qualidade e está mais do que formada uma boa seleção. A seleção é constituída por jogadores que atuam nas melhores equipas da Europa. Com a grande estrutura que a FPF dispõe, acredito que Portugal vai preparar-se para ser campeão mundial. Há outras seleções com o mesmo objetivo, mas espero que o vencedor em 2022 possa ser Portugal”, refere o antigo jogador que vestiu a camisola da seleção nacional em 20 ocasiões.
O Portugal-Espanha de quarta-feira, 7 de outubro, às 19h45, no estádio de Alvalade, terá relato na Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.sapo.pt.